sábado, 11 de abril de 2009

Todos os pigmeus descendem de uma única população


A investigação genética desvenda um dos mais velhos debates da antropologia.Todas as tribos de pigmeus, que vivem em diferentes áreas por toda a África central, descendem de uma única população comum.

Essa população se separou de seus vizinhos agricultores a cerca de 60.000 anos, o tempo necessário para distinguir uma população humana de outra (isto é o que separa um sueco de um aborígene australiano, por exemplo).

Um estudo internacional coordenado por Lluis Quintana-Murci, do Instituto Pasteur em Paris, e publicado na PLoS Genetics, desvendou um dos mais antigos debates em antropologia, os pigmeus têm uma origem comum, ou seja, evoluíram apenas uma vez .

Diferentes das populações vizinhas, de agricultores e pecuaristas, os pigmeus são caçadores-coletores que perambulam pelas florestas tropicais da África.

Os
cientistas do Pasteur e da Universidade de Pavia, Yale e Santiago, analisaram o DNA de 12 populações da faixa tropical do continente que representam os dois principais grupos geográficos, os pigmeus do leste e oeste.
As 12 populações revelaram uma origem comum há 20.000 anos atrás.

"Obviamente, algo aconteceu há 60.000 anos atrás", disse o cientista de Mallorca, Quintana-Murci, de seu laboratório no Instituto Pasteur.

"Em primeiro lugar, foi quando os seres humanos modernos se espalharam por toda a África, em segundo lugar, foi a data da sua primeira migração da África para o sul da Ásia até a Austrália, como mostrou nosso próprio grupo há 10 anos.

E agora vemos que foi também quando começou
na África a divergência entre os pigmeus e os seus atuais vizinhos agricultores ", ele continua.

A hipótese alternativa era a de que os pigmeus das duas áreas eram um caso de convergência evolutiva, ou seja, adaptações independentes ao estilo de vida de caçadores-coletores e ao clima das florestas tropicais.

Foi reforçada pelo fato dos pigmeus terem línguas distintas. Mas os novos dados a excluem completamente, e implica que os pigmeus, um grupo étnico que se caracteriza por terem na idade adulta menos de 1,50 metros, pele muito escura e cabelo encaracolado, adotaram a língua dos seus vizinhos atuais ou passados.

Pigmeu não é exatamente um termo técnico, explica Quintana-Murci. "Ele têm muitas vezes conotações racistas", "O racismo não é apenas de brancos contra negros; os pigmeus tendem a sofrer nas mãos dos seus vizinhos agricultores.

"
Além disso, se denomina pigmeus a vários povos do sul da Ásia, de pele escura e baixa estatura, não incluídos no estudo. "Eu não acredito que os chamados pigmeus da Indonésia e Filipinas têm uma origem comum com os africanos", diz Quintana-Murci.

"É mais provável que neste caso, sim, seja um fenômeno de convergência, adaptações independentes ao mesmo estilo de vida, mas não temos quaisquer dados sobre eles."

Vários tipos de evidências indicam que a África sub-saariana foi repovoada recentemente, há cerca de 4000 anos atrás, em uma grande onda migratória originada na zona da Nigéria e Camarões.

Essa onda se espalhou por todo o continente a língua Banto, o sedentarismo e a agricultura.
As populações separadas e isoladas de pigmeus, como os bosquímanos são as ilhas de antigos povoadores africanos que persistem no oceano banto.

"A agricultura e a pecuária envolvem a convivência com uma nova bateria de patógenos", diz Quintana-Murcia.

"O que estamos fazendo agora é verificar se os genes do sistema imunológico diferem entre os pigmeus e seus vizinhos agricultores." Seria uma forte evidência de adaptação genética.


Fonte: El País

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