Um jaguar macho encarava a câmera enquanto o aparelho tirava sua foto em 27 de abril de 2008, na floresta amazônica do Peru.
A câmera foi uma das 23 espalhadas por 22 km2 de uma região remota e não estudada no nordeste do país, como parte do Projeto de Biodiversidade da Amazônia Peruana, administrado pelo Centro para Educação de Conservação e Sustentabilidade do Zoológico Nacional em Washington D.C.
O projeto está investigando o impacto da exploração petrolífera da empresa Repsol Exploracion Peru, com sede em Madri, sobre a fauna da região - particularmente a onça pintada.
Até agora, resultados preliminares sugerem que a onça pintada e outros grandes felinos, incluindo o jaguar, não têm sido afetados pelas operações de exploração, afirmou o cientista da pesquisa do Zoológico Nacional, Joe Kolowski. (A petrolífera está financiando o projeto, mas Kolowski disse que a empresa não tem influência sobre a pesquisa.)
O projeto também está registrando as criaturas raras e elusivas da floresta na região. Entre abril e setembro de 2008, Kolowski e colegas capturaram em filme pelo menos 28 espécies diferentes de mamíferos e 18 espécies de aves.
Checar a câmera a cada 10 dias era como "manhã de Natal", Kolowski conta. "Havia muita expectativa e ansiedade sobre o que encontraríamos... ."
Esse jaguar em particular - identificável por seu padrão de pintas - foi fotografado nove vezes em quatro locais diferentes, um padrão de movimento que não é incomum para predadores que circulam por vastas áreas, ele disse.
Jaguatirica
Uma curiosa jaguatirica perseguia um tatu-galinha em 29 de abril de 2008, em uma imagem capturada pelas câmeras.
Não é provável que o tatu estivesse no cardápio: jaguatiricas geralmente vão atrás de pequenos roedores, pássaros e répteis - e o felino provavelmente teria dificuldades em penetrar a casca dura do tatu.
É raro conseguir fotografias de dois animais interagindo, Kolowski afirma, "e elas dão uma idéia do que os animais estão fazendo na floresta, o que é sempre interessante."
Mutum de Salvin
Uma estimada ave de caça, o mutum de Salvin, está em declínio nas áreas de seu habitat com presença humana, que também incluem a Colômbia e o leste do Equador.
Mas a ave, que é do tamanho de um peru, parece viver bem em locais sem pressões de caça, como a região isolada da Amazônia.
Para o Projeto de Biodiversidade da Amazônia Peruana, os pesquisadores do Zoológico Nacional estão utilizando um novo tipo de câmera digital de "rastros", com sensores que registram a temperatura corporal do animal e seus movimentos.
As novas câmeras digitais também armazenam milhares de fotos, por isso os cientistas não precisam fazer várias viagens até um lugar externo para revelar os filmes.
Tatu-canastra
O tatu-canastra - fotografado por uma câmera no nordeste do Peru em 8 de junho de 2008 - chega a pesar 32 kg. Tais animais usam suas imensas patas anteriores para escavar colônias de cupins e formigas.
Facilmente caçados por sua carne, os gentis tatus são agora raramente vistos ao longo da maior parte da América do Sul.
Fotografias desses animais da floresta tropical são importantes, porque as imagens podem ajudar "as pessoas a conhecer o que existe em um lugar para onde elas provavelmente nunca poderão ir e ver por si mesmas", disse Kolowski, do Zoológico Nacional.
Cachorro-do-mato-de-orelhas-curtas
Os poucos estudos feitos sobre o cachorro-do-mato-de-orelhas-curtas se centram em sua dieta, composta em grande parte de roedores e frutas.
Muitas pessoas não sabem que duas espécies de cachorro selvagem vagam pela floresta amazônica, disse Kolowski do Zoológico Nacional, por isso essas fotos mostram às pessoas "animais sobre os quais elas não conhecem nada e que talvez nem soubessem que existiam."
Cachorro-vinagre
Uma imagem tirada em 14 de abril de 2008 de dois cachorros-vinagre raramente vistos é talvez "a mais excitante" de todas as fotos capturadas pelas câmeras até agora, como parte do Projeto de Biodiversidade da Amazônia Peruana, Kolowski disse.
Quase nada se sabe sobre essa espécie, que é raramente vista até mesmo pelos indígenas que vivem e caçam na floresta.
"É fascinante ver como esses animais podem ser elusivos," Kolowski disse, acrescentando que é incomum para uma espécie ampla de cachorro ficar sem ser estudada por tanto tempo.
O que os cientistas de fato sabem é que os animais são sociais, Kolowski disse. Em ambas as fotos tiradas pelas câmeras até agora durante o projeto, os cachorros-vinagre apareceram em dupla.
Caititu
A foto de um caititu e seu jovem filhote foi tirada enquanto os animais pausavam para um descanso em uma área remota no nordeste do Peru, em 18 de agosto de 2008.
Além de servir para contar as espécies e estimar números populacionais, as fotos tiradas pelas câmeras fornecem aos cientistas um vislumbre incomum do comportamento animal, como quando duas espécies diferentes se reproduzem.
Por exemplo, os cientistas conseguiram estimar a idade do filhote de Caititu na foto e descobrir quando esses animais costumam nascer, Kolowski observou.
O pesquisador do zoológico espera que o Projeto de Biodiversidade da Amazônia Peruana possibilite que "as pessoas vejam a imensa diversidade de animais que vivem na Amazônia", e conscientize o público de algumas ameaças, como a caça e a perda de habitat, sofridas por essas criaturas raras.
Fonte: Terra/National Geographic
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