quarta-feira, 3 de junho de 2009

Revelado: O relatório secreto que mostra como os nazistas planejaram o Quarto Reich...na União Européia



O papel é antigo e frágil, as letras datilografadas lentamente se apagam. Mas o relatório da inteligência militar americana EW-Pa 128 é tão assustador hoje quanto no dia em que foi escrito em novembro de 1944.

O documento, também conhecido como Relatório Red House, é uma narrativa detalhada de uma reunião secreta no Hotel Maison Rouge em Strasbourg em 10 de agosto de 1944.

Lá, os oficiais nazistas encomendaram de um grupo da elite industrial alemã um plano para a recuperação da Alemanha no pós-guerra, preparando o retorno dos nazistas ao poder e trabalhando para um forte império alemão. Em outras palavras o Quarto Reich.

O relatório datilografado de três páginas, marcado secreto, copiado para oficiais ingleses e enviado por via aérea para Cordell Hull, Secretário de Estado americano, dava detalhes de como os industriais iriam trabalhar com o partido nazista para reconstruir a economia alemã através de envio de dinheiro pela Suíça.

Eles construiriam uma rede de empresas de fachada no exterior; aguardariam as condições ideais e então eles tomariam a Alemanha de novo.


O Relatório Red House

Os industriais incluíam representantes da Volkswagen, Krupp e Messerschmitt. Oficiais da marinha e ministério de armamento estavam também na reunião e com incrível precaução eles decidiram juntos que o Quarto Reich, diferente do antecessor, seria um império econômico e não militar, mas não apenas alemão.

O relatório Red House, que foi descoberto em arquivos da inteligência americana, foi a inspiração para o meu romance O protocolo de Budapeste.

O livro começa em 1944 quando o exército vermelho avança sobre a cidade sitiada, depois pula para os dias atuais, durante a campanha eleitoral do primeiro presidente da Europa.

O super estado da União Européia é revelado com fachada para uma conspiração sinistra, enraizada nos últimos dias da Segunda Guerra Mundial. Mas conforme pesquisei e escrevi o romance, eu percebi que partes do relatório Red House haviam se tornado um fato.

A Alemanha nazista exportou grandes quantidades de capital através de países neutros. Empresas alemãs criaram uma rede de empresas de fachada no exterior. E a economia alemã se recuperou logo depois de 1945.

O Terceiro Reich foi derrotado militarmente, mas poderosos banqueiros, industriais e funcionários públicos da era nazista, renasceram como democratas e logo prosperaram na Alemanha Ocidental. Lá eles trabalharam por uma nova causa: a integração política e econômica da Europa.
É possível que o Quarto Reich que aqueles industriais nazistas previam tenha se tornado realidade?

O relatório Red House foi escrito por um espião francês que estava na reunião em Strasbourg em 1944, e ele pinta um quadro extraordinário.

Os industriais no Hotel Maison Rouge esperaram que o Obergruppenführer da SS Dr. Scheid começasse a reunião.

Scheid tinha uma das patentes mais altas na SS, equivalente a general. Ele tinha uma figura imponente no seu uniforme verde. Guardas foram colocados do lado de fora e a sala foi inspecionada.

Lá ele respirou fundo antes de começar a falar. A indústria alemã precisa perceber que a guerra não pode ser vencida, ele declarou.


Max Faust, engenheiro da I.G. Farben e Heinrich Himmler, chefe da SS

Ela precisa tomar medidas para uma campanha comercial pós-guerra. Tal declaração era traição - o suficiente para levá-lo aos porões da Gestapo, seguido de uma viagem sem volta a um campo de concentração.

Mas Scheid tinha autorização especial para falar a verdade – o futuro do Reich estava em jogo. Ele ordenou aos industriais que fizessem contratos e alianças com firmas estrangeiras, mas deveriam ser feitos individualmente e sem atrair nenhuma suspeita.

Os industriais deveriam pegar emprestadas somas substanciais de países estrangeiros depois da guerra.

Eles deveriam explorar as finanças de empresas alemãs que já haviam sido usadas com fachadas para penetração no exterior, disse Scheid, citando alguns parceiros americanos da gigante Krupp, Zeiss, Leica e da empresa mercantil Hamburgo-America.

Mas quando os industriais deixaram a reunião um punhado deles foi chamado para uma segunda reunião, presidida pelo Dr. Bosse do Ministério de Armamentos. Haviam segredos a ser compartilhados com a elite da elite.

Bosse explicou como, mesmo embora o Partido Nazista tenha informado os industriais que a guerra estava perdida, a resistência contra os aliados continuaria até que houvesse uma garantia de unidade alemã.Ele então descreveu uma estratégia de três estágios para o Quarto Reich.

No primeiro estágio os industriais deveriam se preparar para financiar o Partido Nazista, que seria obrigado a ficar as escondidas.

No segundo estágio o governo proveria grandes somas de dinheiro para os industriais alemães.

No terceiro estágio empresas alemãs criariam uma rede de agentes no exterior através de empresas de fachada, que daria cobertura para pesquisa militar e inteligência, até que os nazistas retornassem ao poder.

A existência destes seria conhecida apenas por poucas pessoas em cada indústria e chefes do partido nazista, anunciou Bosse.

Cada escritório terá um agente do partido. Logo que o partido se tornar forte suficientemente para restabelecer seu controle sobre a Alemanha, os industriais serão recompensados por seu esforço e cooperação através de concessões e pedidos.

Os fundos exportados seriam canalizados através de dois bancos suíços em Zurique, ou através de agencias na Suíça que compraram propriedades na Suíça para os alemães, por uma comissão de 5 por cento. Os nazistas estavam mandando fundos por países neutros há anos.

Bancos suíços, em particular o Banco Nacional Suíço aceitavam ouro roubado dos tesouros de países ocupados. Eles aceitavam títulos de propriedade roubados de empresários judeus na Alemanha e países ocupados, e forneciam moeda corrente que os nazistas precisavam para comprar material vital de guerra. A colaboração econômica suíça com os nazistas havia sido monitorada pela inteligência aliada.

O autor do relatório Red House aponta: Previamente a exportação de capital por industriais alemães para países neutros tinha que ser conseguido por meio de influência especial.

Agora o partido nazista estava por trás dos industriais e pedia que se salvassem mandando fundos para fora da Alemanha e ao mesmo tempo avançando os planos do partido para operações pós-guerra.

A ordem para exportar capital era tecnicamente ilegal na Alemanha nazista, mas no verão de 1944 a lei não importava.

Mais de dois meses depois do dia D, os nazistas estavam sendo esmagados pelos aliados no Oeste e pelos soviéticos no Leste. Hitler havia sido gravemente ferido em um atentado. A liderança nazista estava nervosa e dividida.

Durante os anos de guerra a SS havia construído um gigante império econômico, baseado em roubo e assassinato, e eles planejavam mantê-lo.

Uma reunião como a do Hotel Maison Rouge deveria ser protegida pela SS, de acordo com o Dr. Adam Tooze da Universidade de Cambridge, autor de “Salários da destruição: a ascensão e queda da Economia Nazista”.

Ele diz: Em 1944 qualquer discussão sobre planejamento pós-guerra era proibida. Era extremamente perigoso fazê-lo em público.

Mas a SS estava pensando no longo prazo. Se você estivesse tentando estabelecer uma coalizão de trabalho depois da guerra, o único lugar seguro para fazê-lo era sob o aparato de terror.

Líderes da Shrewd SS, como Otto Ohlendorf, já estavam pensando mais adiante.

Como comandante da Einsatzgruppe D, que operou no front oriental entre 1941 e 1942, Ohlendorf foi responsável pelo assassinato de 90.000 homens, mulheres e crianças.

Um advogado e economista bem educado e inteligente, Ohlendorf mostrou uma grande preocupação pelo impacto psicológico nos atiradores dos esquadrões de fuzilamento: ele ordenou que vários deles atirassem simultaneamente nas suas vítimas, para evitar um sentimento de responsabilidade pessoal.

No inverno de 1943 ele foi transferido para o Ministério da Economia. O trabalho de Ohlendorf era focado em exportação, mas sua prioridade real era preservar o massivo império econômico europeu da SS depois da derrota da Alemanha.

Ohlendorf, que foi mais tarde enforcado em Nuremberg, tinha interesse particular no trabalho do economista alemão Ludwig Erhard, que escreveu um longo manuscrito sobre a transição da economia pós-guerra depois da derrota da Alemanha. Isto era perigoso, especialmente porque seu nome foi mencionado em conexão com grupos de resistência.

Mas Ohlendorf, que também foi chefe da SD, o serviço secreto doméstico nazista, protegeu Erhard porque ele concordava com sua visão sobre a estabilização da economia Alemã no pós-guerra. Ohlendorf foi protegido por Heinrich Himmler, o chefe da SS.

Ohlendorf e Erhard temiam a hiper-inflação, como a que destruiu a economia alemã nos anos 20. Tal catástrofe reduziria o império econômico da SS a nada.

Os dois homens concordaram que a prioridade no pós-guerra era a rápida estabilização monetária através de uma moeda forte, mas eles perceberam que isto deveria ser reforçado por um poder de ocupação amigável, porque nenhum estado alemão teria legitimidade suficiente para introduzir uma moeda que tivesse algum valor.

Esta moeda seria o Deutsch-mark, que foi introduzido em 1948. Foi um grande sucesso e alimentou rapidamente a economia alemã. Com uma moeda forte, a Alemanha era de novo um parceiro comercial atraente.

Os conglomerados industriais alemães poderiam reconstruir seus impérios econômicos pela Europa.

A guerra havia sido extremamente lucrativa para a economia alemã. Em 1948, apesar de seis anos de conflito, bombardeio aliado e pagamentos de reparação pós-guerra, o capital em patrimônio como equipamentos e prédios era maior do que em 1936.

Erhard ponderou como a indústria alemã poderia se expandir pelo continente europeu. A resposta foi através do supra nacionalismo – um abandono voluntário da soberania nacional a favor de um corpo internacional.


A Alemanha e a França eram os agentes por trás da European Coal and Steel Community (ECSC), o precursor da União Européia.

O ECSC foi a primeira organização supranacional, estabelecida em abril de 1951 por seis estados europeus.

Ela criou um mercado comum para carvão e aço que ela regulamentou. Isto criou um precedente vital para a erosão da soberania nacional, um processo que continua hoje.

Mas antes que o mercado comum pudesse ser criado, os industriais nazistas tinham que ser perdoados e banqueiros e funcionários nazistas reintegrados.

Em 1957, John J. McCloy, o alto comissário para a Alemanha, emitiu uma anistia para industriais condenados por crime de guerra.

Os dois industriais nazistas mais poderosos, Alfried Krupp, da Krupp Industries e Friedrich Flick, cujo Flick Group eventualmente possuía 40 por cento da Daimler-Benz, foram soltos da prisão depois de ficarem três anos presos.

Krupp e Flick haviam sido figuras centrais na economia nazista. Suas empresas usaram trabalhadores escravos como gado, que trabalhavam até morrer. A empresa Krupp logo se tornou uma das indústrias líderes na Europa.

O Flick Group também rapidamente construiu um império de negócios na Europa. Friedrich Flick se manteve sem arrependimento sobre histórico no período de guerra e se recusou a pagar um único marco em compensação até sua morte em julho de 1972 com a idade de 90 anos, quando ele deixou uma fortuna de mais de US$1 bilhão.

Para muitas personalidades industriais importantes no regime nazista, a Europa se tornou uma cobertura para perseguir interesses nacionais alemães depois da derrota de Hitler, diz o historiador Dr. Michael Pinto-Duschinsky, um conselheiro para os antigos trabalhadores escravos judeus.

A continuidade da economia da Alemanha e das economias da Europa pós-guerra é impressionante. Alguns dos principais líderes na economia nazista se tornaram importantes construtores da União Européia.

Numerosas empresas exploraram trabalhadores escravos incluindo BMW, Siemens e Volkswagen, que produziu munição e foguetes V1.

O trabalho escravo era uma parte integral da maquina de guerra nazista. Muitos campos de concentração estavam juntos com fábricas onde funcionários trabalhavam ao lado de oficiais da SS que supervisionavam os campos.

Como Krupp e Flick, Herman Abs, o banqueiro mais poderoso da Alemanha no pós-guerra, havia prosperado no Terceiro Reich. Dapper, elegante e diplomático, Abs entrou na diretoria do Deutsch Bank, o maior banco da Alemanha em1937. Enquanto o império nazista se expandia, o Deutsch Bank arianizou bancos austríacos e tchecos que pertenciam a judeus.

Em 1942, Abs tinha 40 diretorias, um quarto delas em países ocupados pelos nazistas. Muitas dessas empresas arianizadas usavam escravo em 1943 a riqueza do Deutsch Bank havia quadruplicado.

Abs também participava da diretoria do I.G. Farben, como representante do Deutsch Bank. I.G. Farben era uma das empresas mais poderosas da Alemanha Nazista, formada por uma união da Basf, Bayer, Hoechst e subisidiárias nos anos 20.

Ela estava tão profundamente ligada a SS e os nazistas que possui seu próprio campo de trabalho escravo em Auschwitz, conhecido como Auschwitz 3, onde dezenas de milhares de judeus e outros prisioneiros produziam borracha artificial.


O portão principal de Auschwitz

Quando eles não podiam trabalhar mais eles eram mandados para Birkenau. Lá eles eram mortos em câmaras de gás usando Zyklon B, cuja patente era da I.G. Farben.


Durante a guerra a empresa havia financiado a pesquisa de Ludwig Erhard. Depois da guerra, 24 executivos da I.G. Farben foram processados por crimes de guerra em Auschwitz 3, mas apenas 12 dos 24 foram condenados e sentenciados a penas de um ano e meio a oito anos. A I.G. Farben ficou impune do assassinato em massa.

Abs foi uma das personalidades mais importantes na reconstrução da Alemanha pós-guerra. Foi graças a ele que, como o relatório Red House indicava, um poderoso império alemão foi reconstruído, formando a base da União Européia hoje.

Os seus membros incluíam industriais e investidores e desenvolveram políticas conhecidas hoje – Integração monetária e sistemas comuns de transporte, energia e previdência social.

Quando Konrad Adenauer, o primeiro chanceler da Alemanha Ocidental, tomou o poder em 1949, Abs era seu consultor financeiro mais importante.

Abs estava trabalhando duro para que o Deutsch Bank fosse permitido se reconstituir depois da descentralização. Em 1957 ele obteve sucesso e retornou a seu empregador anterior

Naquele mesmo ano seis membros do ECSC assinaram o tratado de Roma, que criou a Comunidade Econômica Européia. O tratado liberou o mercado e estabeleceu poderosas instituições supra-nacionais incluindo o Parlamento Europeu e a Comissão Européia.

Como Abs, Ludwig Erhard floresceu na Alemanha pós-guerra. Adenauer fez de Erhard o primeiro ministro da economia da Alemanha pós-guerra. Em 1963 Erhard sucedeu Adenauer como chanceler por três anos.


Mas o milagre econômico alemão, tão vital para a idéia da nova Europa, foi construído sobre assassinato em massa. O número de escravos e trabalhadores forçados que morreram enquanto empregados por empresas alemãs na era nazista foi de 2.700.000.

Alguns pagamentos compensatórios esporádicos foram feitos, mas a indústria alemã concluiu um acerto global e conclusivo apenas em 2000, com um fundo compensatório de 3 bilhões de libras. Não foi admitida responsabilidade legal e a compensação individual foi pequena.

Um trabalhador escravo receberia 15.000 marcos (aproximadamente 5.000 libras) e um trabalhador forçado 5.000 (aproximadamente 1.600 libras). Qualquer demandante que aceitasse o acordo não poderia mover nenhuma outra ação.

Para colocar esta soma de dinheiro em perspectiva, a Volkswagen sozinha teve um lucro de 1,8 bilhão de libras.

Neste mês de junho, 27 estados membros da União Européia terão a maior eleição transnacional da história. A Europa agora tem paz e estabilidade, lar para uma grande comunidade judaica. O holocausto está gravado na memória nacional.

Mas o relatório Red House é uma ponte entre um presente ensolarado e um passado sombrio. Joseph Goebblels, o chefe de propaganda de Hitler disse: Em 50 anos ninguém pensará em nações-estados.

Por enquanto o estado-nação resiste. Mas estas três paginas datilografadas são um lembrete que a ânsia por um Estado Federal europeu se mistura aos planos da SS e industriais alemães para o Quarto Reich – Um império econômico e não militar.


Tradução Geraldo leal



Fonte: Daily Mail

Um comentário:

Alyson disse...

Muito instigante essa matéria! Mas será fidedigna, ou produto de uma imaginação fértil? Onde termina a realidade e começa a fantasia?

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