segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Algas de coral têm "olhos", afirma estudo

Os aglomerados de cristais das algas refletiram fortemente a luz, em experiências de laboratório


As algas unicelulares que se abrigam no interior de corais duros e propiciam aos recifes suas cores vibrantes podem ter capacidade de visão, de acordo com um novo estudo.

As algas, conhecidas como zooxanthellae, apresentam misteriosos depósitos assemelhados a cristais e compostos de ácido úrico, um elemento comum a muitas das estruturas que refletem a luz nos olhos de insetos e animais.

A substância havia sido identificada incorretamente nas algas, em estudos anteriores que a classificaram como um oxalato de cálcio, composto encontrado com frequência em vegetais, afirmaram os pesquisadores.

Os aglomerados de cristais das algas refletiram fortemente a luz, em experiências de laboratório, sugerindo que na verdade eles "formam na prática um olho funcional", de acordo com Kazuhiko Koike, da Universidade de Hiroshima, no Japão, um dos co-autores do estudo.

Cada um dos organismos unicelulares também contém uma molécula dotada de capacidade fotorreceptora, que cria uma 'posição ocular'.

As posições oculares são áreas sensíveis a luz que permitem a organismos simples, como as águas-marinhas e algumas outras algas, perceber os ambientes que os rodeiam.

Outros tipos de dinoflagelados - organismos unicelulares aquáticos entre os quais se inclui a zooxanthelle - apresentam ao menos quatro variações distintas de posições oculares, informou Koike.

Mas ele acredita que o tipo de posição ocular recentemente encontrada seja única das formas de vida que vivem em corais.


Em busca de um lar


Nas águas tropicais rasas dos oceanos mundiais, a zooxanthelle e pólipos que trabalham na construção de recifes de coral evoluíram de uma forma que os torna co-dependentes.



Os recifes de corais oferecem às algas abrigo e ingredientes que elas requerem para a fotossíntese.

As algas, por sua vez, criam oxigênio para os animais de coral, removem detritos e fornecem nutrientes essenciais à sobrevivência.

Se considerarmos até que ponto essa parceria é essencial, talvez seja possível que zooxanthelle em movimento utilizem suas posições oculares para averiguar os melhores alojamentos - uma possibilidade que "acreditamos seja muito interessante", afirmou Koike.

Os corais jovens, por sua vez, podem estar utilizando "mecanismos de atração" ainda desconhecidos a fim de trazer as zooxanthellae aos recifes em que virão a morar.

Além disso, as algas que moram em corais só dispõem de olhos enquanto estão procurando uma casa nos recifes, acrescentou Koike.

Os organismos perdem a capacidade de ver assim que estão abrigados em seus hospedeiros. Em contraste, outros tipos de alga que vivem no interior do corpo de mariscos gigantescos mantêm suas estruturas oculares em seu novo habitat.

Koike especula que isso pode se dever ao fato de que as algas que vivem nos mariscos desejam escapar aos animais, que "as cultivam" e comem parte de sua reserva a cada noite.


Preocupações climáticas


Em termos gerais, acrescentou Koike, quanto mais os cientistas souberem sobre a forma pela qual os corais e algas residentes se combinam, maior a chance de prevenir o declínio que o coral vem sofrendo em função das alterações climáticas.

A água marinha mais quente muitas vezes leva os corais a ejetar as coloridas inquilinas, o que "alveja" os recifes e faz com que os corais, desprovidos de nutrientes, morram lentamente.

"Precisamos compreender de que maneira esse relacionamento é iniciado... o mais rápido possível", disse Koike.

O estudo foi publicado pela revista PLoS One.


Fonte: Terra

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