quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Reforma arqueológica de pirâmide boliviana decepciona


REUTERS/David Mercado



Ansiosa para atrair mais turistas, a cidade de Tiwanaku, nos Andes bolivianos, reformou a pirâmide antiga de Akapana com adobe, em lugar de pedra. Alguns especialistas dizem que a reforma foi um fiasco.

A pirâmide é uma das maiores construções pré-colombianas da América do Sul e teve grande significado cultural para a civilização Tiwanaku, que se espalhou pelo sudoeste da Bolívia e partes do Peru, Argentina e Chile entre 1500 a.C. e 1200 d.C.

José Luiz Paz, indicado em junho para avaliar os danos ao sítio arqueológico, diz que a União Nacional de Arqueologia (Unar) errou ao optar por reconstruir a pirâmide com adobe, quando fica evidente ao olho nu que a construção original foi feita de pedra.

"Não há estudos indicando que as paredes tivessem essa aparência", diz Paz à Reuters diante da pirâmide no sítio arqueológico de Tiwanaku, a 64 quilômetros ao norte da capital administrativa da Bolívia, La Paz.

De acordo com Paz, que hoje dirige as escavações no sítio arqueológico, a prefeitura de Tiwanaku contratou a Unar para reformar a pirâmide de Akapana "para torná-la mais atraente para os turistas", sem levar em conta qual pode ter sido sua aparência original.

Milhares de turistas visitam Tiwanaku todos os anos e pagam US$10 para conhecer o sítio arqueológico.

O ministro da Cultura boliviano, Pablou Groux, rebateu as críticas e disse que a reforma da pirâmide foi necessária.

A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) deve visitar Tiwanaku em breve e, se decidir que a pirâmide foi excessivamente modificada, pode tirar Tiwanaku de sua lista de sítios que integram o Patrimônio Mundial.

Em 2000, a Unesco incluiu Tiwanaku na lista porque as ruínas na cidade "são testemunhas do poder de um império que exerceu papel importante no desenvolvimento da civilização andina pré-hispânica."

O saque das cerâmicas e pedras esculpidas do Akapana começou pouco após a conquista espanhola e, posteriormente, a estrutura foi usada como pedreira, da qual foram extraídas pedras para a construção de uma ferrovia e uma igreja católica nas proximidades.

Seu tamanho e seus andares inferiores, que permanecem, sugerem que o Akapana deve ter sido uma construção notável, mas a pirâmide foi prejudicada pela pilhagem, as temperaturas extremas e os ventos fortes no planalto andino, a 3.800 metros acima do nível do mar.


Fonte: UOL

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