A partir da composição de apenas dois genomas humanos, geneticistas computaram o tamanho da população de humanos há 1,2 milhão de anos, da qual todas as pessoas no mundo descendem.
Eles estimaram o número em 18.500 pessoas, mas isso se refere apenas a indivíduos em condição de reprodução, a população "efetiva". A população real pode ter sido cerca de três vezes maior, ou 55.500 pessoas.
Estimativas similares para outros primatas da época correspondem a 21 mil chimpanzés e 25 mil gorilas.
Em termos biológicos, ao que parece, os humanos não eram uma espécie com muito sucesso, e a estratégia de investir em cérebros maiores do que os colegas primatas ainda não produziam nenhuma grande recompensa. A população humana só atingiu níveis altos após o advento da agricultura.
Geneticistas há muito tempo sabem que os ancestrais dos humanos modernos correspondiam a apenas 10 mil indivíduos, que viveram em alguma época nos últimos 100 mil anos.
O número extremamente baixo sugere que alguma catástrofe, como doença ou mudança climática induzida por um vulcão, tenha levado os humanos à beira da extinção.
No entanto, se a nova estimativa estiver correta, o tamanho da população humana tem sido pequeno e razoavelmente constante ao longo da maior parte dos últimos milhões de anos, excluindo-se a necessidade de buscar uma catástrofe como justificativa.
A estimativa, publicada numa edição recente do jornal The Proceedings of the National Academy of Sciences, foi calculada por uma equipe de geneticistas populacionais da Universidade de Utah liderada por Chad D. Huff e Lynn B. Jorde.
A população humana de um milhão de anos atrás era representada por espécies arcaicas, como o Homo ergaster, na África, e o Homo erectus, no leste da Ásia.
A equipe de Utah afirma que sua estimativa de 18.500 indivíduos implica "uma população pequena para uma espécie que se espalhou por todo o Velho Mundo, o que é incomum".
No entanto, a estimativa só se aplicaria à população mundial se houvesse cruzamento consanguíneo entre humanos nos diferentes continentes.
Caso contrário, e se os humanos modernos são descendentes de apenas uma dessas populações, como o Homo ergaster da África, então a estimativa se aplicaria apenas a ela.
Richard G. Klein, paleoantropólogo de Stanford, afirmou ser difícil acreditar que a população da qual os humanos modernos se originaram seja tão pequena quanto 18.500 pessoas, "a não ser que eles estivessem geograficamente restritos à África ou a uma pequena parte do continente".
Não há forma independente de avaliar uma estimativa baseada na genética do tamanho de uma população naquele período, disse Klein, embora arqueólogos tenham desenvolvido formas de avaliar populações antigas de épocas mais recentes.
A equipe de pesquisadores de Utah baseou sua estimativa na variação genética presente em dois genomas humanos completos, um preparado pelo projeto de genoma humano do governo americano e o outro por J. Craig Venter, pioneiro no sequenciamento genético.
O governo decodificou uma única cópia de um genoma mosaico derivado de uma mistura de indivíduos, aparentemente de origem europeia ou asiática.
Venter decodificou ambas as cópias de seu próprio genoma, o herdado pelo pai e o herdado pela mãe.
A equipe de Utah então teve três genomas com os quais trabalhar e observaram elementos antigos conhecidos como inserções Alu, cuja classe mais recente apareceu no genoma humano há cerca de um milhão de anos.
O nível de variação visto no DNA imediatamente ao redor das inserções Alu deram uma ideia do tamanho da população humana naquela época.
As inserções indicam regiões antigas do genoma que não foram afetadas pelo recente crescimento da população, afirmou Dr. Huff.
Fonte: UOL
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