terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Geneticistas vão verificar se talibãs descendem de tribo de Israel

Familiares, convidados e religiosos durante o ritual "Nikah", cerimônia de noivado pashtun, no Afeganistão


Dois geneticistas tentarão identificar pela primeira vez se o principal grupo étnico que forma o grupo islâmico Talibã, os pashtuns, tem "origens bíblicas" e se seus membros são possíveis descendentes de uma das tribos perdidas de Israel.

O israelense Karl Skorecki e a indiana Shahnaz Ali tentarão descobrir se existe algum vínculo entre os pashtuns e a tribo bíblica de Efraim, informou nesta terça-feira (12) o jornal "Yedioth Ahronoth".

Essa tribo era uma das dez que formavam o reino de Israel, conquistado pelos assírios por volta do ano 722 a.C. e cujos habitantes foram deportados por toda a região.

Antigas crenças indicam que algumas dessas tribos chegaram até a Índia, onde conservaram suas tradições durante centenas de anos, mas acabaram integrados à cultura local.

Por sua vez, os pashtuns, povo que vive no leste e no sul do Afeganistão e em diversas áreas do Paquistão, surgiram da região de Uttar Pradesh, no noroeste da Índia, não longe de onde supostamente foram assentados os israelitas deportados.

Entre os pashtuns existem lendas que remontam sua origem ao Egito faraônico, ao sustentar que são descendentes de egípcios que fugiram com Moisés e se integraram entre os israelitas.


Parceria acadêmica


Para confirmar a possível relação, Ali comparará as provas genéticas que conseguiu no noroeste da Índia com as do israelense Skorecki, subdiretor do Hospital Rambam de Haifa e o maior especialista mundial em genética judaica.

Trata-se do primeiro estudo científico para tentar confirmar ou rejeitar as lendas e tradições mediante a busca de concordâncias genéticas.

A investigação, pedida pelo Ministério Israelense de Assuntos Exteriores, durará de três meses a um ano.

Uma funcionária do hospital Rambam confirmou à Agência Efe a chegada de Ali, mas não forneceu mais informações sobre a investigação porque o diretor da equipe, Skorecki, está no exterior.


Reconhecimento de tribo


Em 2005, o Rabinato de Israel reconheceu a origem judaica de outra tribo de origem indiana, Lu-Shi, que se concentra em uma região próxima a Uttar Pradesh.

Seu nome significa literalmente "Dez Tribos", e o Rabinato considerou, com base em provas científicas, culturais e religiosas, que seus membros são os descendentes da tribo de Menashe --também conhecido como Manassés--, o irmão de Efraim.

Os dois seriam os únicos descendentes de José, filho favorito do patriarca Jacó, neto por sua vez de Abraão e que deu dupla herança territorial na Terra Prometida.

Sem que exista nenhuma prova, o estreito parentesco entre as duas tribos poderia explicar em princípio a proximidade geográfica que seus descendentes acabaram elegendo para o exílio, ao contrário das outras oito tribos das quais nunca mais se soube notícia.

A Lu-Shi, uma tribo com entre 750 mil a 1,2 milhão de pessoas radicadas nas regiões de Mizoram e Manipur (nordeste da Índia), foi descoberta em 1979 por um rabino que se surpreendeu com seus rituais judeus.

Entre estes rituais destaca o direito de uma viúva sem filhos exigir do irmão de seu marido morto que lhe dê descendentes.

Além disso, possuem uma bênção coletiva que declara: "Nós, os filhos de Menashe, ainda levamos o legado".

Graças à decisão do Rabinato, mais de 1 mil dos agora chamados "Filhos de Menashe" foram amparados nos últimos anos pela Lei do Retorno ao Estado de Israel, em processo de nacionalização automática habilitada no início para judeus e seus descendentes até a terceira geração.


Fonte: Folha Online



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