Um grupo de pesquisadores embarca para a Amazônia no dia 17 de março em busca de novas informações sobre a menor espécie de tamanduá do mundo, a Cyclopes didactylus.
Conhecido como tamanduaí, o animal ainda foi pouco estudado, mas sabe-se que tem peso médio de 300 gramas e mede cerca de 20 centímetros, descontando o tamanho da cauda, que pode ter o mesmo comprimento.
A maior espécie existente é o tamanduá-bandeira, que pode pesar 50 kg e medir até 2 metros, contando a cauda, e está ameaçada de extinção, segundo o Ibama.
Segundo Flávia Miranda, pesquisadora do Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás no Brasil (Projeto Tamanduá), ainda não é possível dizer se a menor espécie do animal corre risco de sumir do mapa na Amazônia, por causa da escassez de informações.
Mas há relatos de que o tamanduaí pode ser capturado para domesticação e a suspeita de que ele serve como alimento em algumas comunidades da floresta.
"Isso pode resultar na diminuição da espécie. O animal não é agressivo com as crianças, mas elas não conhecem seus hábitos alimentares", diz a pesquisadora.
Pouca informação
"Não há estatística sobre o tamanduaí", explica Flávia. "Mas a população da espécie na Amazônia é enorme, incluindo Peru e Venezuela, por exemplo".
A distribuição original do animal abrange florestas tropicais na América Central e do Sul, em regiões abaixo de 1.500 metros de altitude.
No Brasil, também habita regiões da mata atlântica no Nordeste, onde pode correr risco de extinção, de acordo com Flávia, pela perda de seu habitat natural, resultado do avanço das plantações de cana-de-açúcar.
Para conhecer melhor o comportamento do tamanduaí, a pesquisadora estuda a espécie desde meados de 2007 e, nesta nova expedição, vai entrevistar moradores de comunidades na Reserva Biológica do Rio Trombetas, em Oriximiná.
A unidade de conservação no noroeste do Pará tem mais de 400 mil hectares de bioma protegido e abriga, além do tamanduaí, outros animais, como a tartaruga-da-Amazônia.
Animal vive principalmente nas árvores (Foto: Projeto Tamanduá/ Divulgação)
De acordo com Flávia, que também prepara uma tese de doutorado sobre o tamanduaí pela Universidade de São Paulo (USP), a pesquisa sobre o animal é inédita no mundo.
"Ainda não existem descrições sobre a ecologia básica, as doenças e a genética da espécie. Ela é importante porque só ocorre na América Latina", diz. "Pretendemos entender como vivem as populações do animal no Brasil e, a partir disso, identificar um plano de ação."
Por não ser agressivo, o animal pode ser domesticado por comunidades ribeirinhas, atitude que ameaça a sobrevivência da espécie, segundo pesquisadores. (Foto: Projeto Tamanduá/ Divulgação)
Por enquanto, sabe-se que o tamanduaí tem hábitos noturnos e que se alimenta basicamente de formigas e cupins.
O contato com comunidades ribeirinhas na Amazônia é importante porque os moradores geralmente dão dicas sobre o comportamento do animal, como os sons que ele emite e as árvores em que geralmente pode ser encontrado na floresta.
Fonte: globo.com
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