sexta-feira, 30 de abril de 2010

A Noite de Walpurgis


Hoje é a Noite de Walpurgis [Walpurgis Nacht ou "Noite das Bruxas"] comemorado em várias regiões da Europa central e do norte, principalmente em países escandinavos, para marcar a chegada da primavera, além de ser uma celebração em louvor à Santa Walpurga, que se prolonga até 1° de maio em vários dos países envolvidos nos festejos dessa data.

O primeiro dia de maio, no Hemisfério Norte, cai quase exatamente entre um solstício e um equinócio, marcando a transição entre inverno e primavera; por este motivo, antigas religiões européias, cada uma por seu motivo, os celtas por exemplo, homenageavam Beltane o deus do fogo em um festival ainda comemorado nos dias atuais e reconhecido nas comemorações da "Festa da Primavera", mas que originalmente marcava o verão, muito embora haja uma grande discrepância entre as comemorações contemporâneas [que primam a sensualidade humana] e a comemoração dos tempos remotos, que tinham um enfoque maior na fertilidade da Terra, num dos mais alegres dos Festivais Celtas, onde os participantes dançavam, e se alegravam em volta das fogueiras, enquanto os vikings invocavam seus deuses da fertilidade, deixaram marcada na tradição esta data como a da Noite de Walpurgis.




Nessa noite se acendiam grandes fogueiras e dançava-se algo semelhante ao que se conhece no Brasil e em Portugal como a Festa do Mastro: um grande mastro com fitas era erguido para que jovens dançassem ao redor dele segurando cada um a ponta de uma das fitas, resultando que ao final da dança, com as fitas já bastante embaraçadas ao redor do poste, poderiam – quem sabe! – arrumar alguém com quem se amarrar…

Apesar de a tradição destas comemorações de maio manter-se viva na Alemanha, na Grécia, na Suécia, na Inglaterra e em alguns outros países do Hemisfério Norte através de fogueiras, da festa da Rainha de Maio, da Morris Dance e da “dança do mastro”, tanto a perseguição oficial – o Parlamento britânico chegou a declarar a festa ilegal em 1644 por força de sua “promiscuidade” – quanto a dessacralização do mundo promovida pelo capitalismo apagaram qualquer vestígio religioso da comemoração, que ficou restrita a um dia de celebração da fertilidade, hoje quase esquecido.

Tal como o Parlamento britânico muito depois, a Igreja Católica tentou eliminar os festejos sob o argumento de que esta festa seria, na verdade, o “aniversário do diabo” ou algum tipo de sabá; sendo infrutífera a estratégia, a Igreja incorporou a Noite de Walpurgis em seu calendário como celebração do martírio de santos, comemoração da descoberta de relíquias santas ou desculpas semelhantes; o mais curioso é o Dia de Santa Walburga (também conhecida como Walpurga), monja beneditina que teria vivido entre 710 e 779 e dirigido o convento de Heidenheim, na Alemanha.

Além da evidente semelhança de nome entre a santa e a data comemorativa, celebrava-se sua memória queimando fogueiras contra os poderes malignos, tal como os “pagãos” acendiam fogueiras em homenagem a seus deuses…


Fonte: Passa Palavra/o locutor

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