Tungstênio primordial presente no manto terrestre indica idade da colisão que criou a Lua.
Até agora, cientistas acreditavam que isso teria ocorrido quando o Sistema Solar tinha 30 milhões de anos de idade, ou há 4,5 bilhões de anos atrás.
Mas uma nova pesquisa indica que os dois astros devem ter se formado muito mais tarde, talvez até 150 milhões após a origem do sistema.
Os resultados da pesquisa estão publicados na revista especializada Earth and Planetary Science Letters.
"Determinamos as idades da Terra e da Lua usando isótopos de tungstênio, que podem revelar se os núcleos de ferro e as superfície rochosas se misturaram durante a colisão", explica tais W. Dahl, que fez a pesquisa para sua tese de doutorado no Instituto Niels Bohr da Universidade de Copenhague.
Os planetas do Sistema Solar surgiram a partir de colisões entre corpos menores que orbitavam o jovem Sol. Nessas colisões, planetas pequenos derretiam-se e se fundiam, dando origem a mundos maiores.
A Terra e a Lua são produto de uma colisão gigantesca entre planetas do tamanho de Marte e Vênus. Os dois se chocaram num momento em que tinham núcleos de ferro e um manto de rocha.
A colisão consumou-se em menos de 24 horas e a temperatura da Terra era tão alta - da ordem de 7.000º C - que tanto a rocha quanto o metal devem ter se derretido na colisão turbulenta.
Até recentemente, acreditava-se que a rocha e o ferro tinham se misturado por completo durante a formação planetária, e que portanto a Lua seria apenas 30 milhões de anos mais nova que o Sistema Solar.
O novo resultado, no entanto, oferece uma visão alternativa. A idade da Terra e da Lua pode ser calculada a partir da presença de certos elementos no manto terrestre. O háfnio 182 é um elemento radioativo que decai, dando origem ao tungstênio 182.
Os dois elementos têm propriedades químicas diferentes, com o tungstênio preferindo interagir com outros metais e o háfnio, com silicatos, ou seja, rochas.
"Estudamos em que grau rocha e metal se misturam durante colisões formadoras de planetas", diz Dahl.
Segundo ele, os resultados mostram que o núcleo de ferro da Terra não teria sido capaz de remover todo o tungstênio do manto terrestre. "Os isótopos de tungstênio da formação primordial da Terra ficaram no manto".
A abundância observada do metal indica que a colisão teria de ter ocorrido depois de todo o háfnio já haver decaído.
Fonte: Estadão
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