Após uma expedição realizada em junho na selva amazônica, pesquisadores voltaram à cidade com pelo menos 65 espécies de insetos que nunca haviam sido vistas na natureza.
A estimativa inicial representa apenas uma pequena parcela do que ainda pode ser descoberto entre os mais de 100 mil indivíduos resgatados durante a viagem, já que a análise e a catalogação das espécies podem levar anos e o setor carece de especialistas.
Entre as espécies novas já identificadas, há 4 tipos diferentes de percevejos, 6 de louva-a-deus, 6 de besouros serradores, 8 de pernilongos (ou carapanãs, como são chamados na Amazônia), 10 de esperanças, 15 de cigarrinhas e 16 novas espécies de moscas.
"As esperanças começam a ser estudadas agora na Amazônia de forma mais aprofundada e representam um grupo bastante diverso na floresta", diz José Albertino Rafael, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e coordenador da expedição.
Para serem reconhecidos, os insetos têm de ser observados por cientistas especializados em cada grupo.
Razão pela qual a expedição, realizada durante cerca de 20 dias na floresta, contou com uma equipe de mais de 20 pesquisadores.
"Se em um grupo de insetos existem 10 espécies, o especialista tem de conhecer as 10 para dizer que a décima primeira é nova. Se existem mil, tem de conhecer as mil", diz Rafael.
Borboletas também foram coletadas e fotografadas na expedição. (Foto: José Albertino/ Arquivo Pessoal)
De acordo com ele, é difícil estimar quantas novas espécies podem existir entre os insetos coletados na viagem.
"Não vamos conseguir trabalhar com todos os grupos de insetos porque não existem especialistas para todos. A maior parte dos insetos fica de fora", diz ele.
"Os insetos têm os grupos mais diversos de organismos na Terra e, comparativamente, há menos especialistas para estudá-los.
No mundo, existem cerca de 1 milhão de espécies conhecidas. Uma estimativa sensata diz que podem haver até 5 milhões, e a Amazônia com certeza tem uma grande parte disso."
Com o objetivo de agilizar o trabalho, a equipe foca a coleta em grupos para os quais existem especialistas.
Na expedição, a prioridade foi dada a mosquitos, mutucas, moscas silvestres, moscas varejeiras, besouros, percevejos, borboletas, mariposas, cigarrinhas, esperanças, louva-a-deus e os zorápteros, que "parecem piolhos", segundo Rafael.
O pesquisador explica que a identificação de novas espécies entre esses grupos deverá ocorrer no máximo dentro de 10 anos, um prazo considerado "relativamente rápido" por ele.
Também encontradas em 2009, mutucas voltaram a ser capturadas na nova expedição. (Foto: José Albertino Rafael/ Arquivo Pessoal)
Para capturar os insetos, a equipe de cientistas utilizou mais de 60 tipos de armadilhas, desde estruturas luminosas, usadas para chamar a atenção de insetos noturnos, até adesivos.
A expedição não enfrentou qualquer problema técnico, ao contrário do que ocorreu em 2009, quando a embarcação naufragou logo no início da viagem.
"Fomos resgatados 24 horas depois, porque conseguimos fazer contato usando um telefone que operava por satélite", lembra Rafael.
Fonte: Globo.com
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