O padre José G. Funes, diretor do Observatório do Vaticano desde 2006 e estudioso de astronomia extragaláctica, afirma em entrevista à revista New Scientist que não existe um conflito real entre ciência e fé e que as descobertas científicas não são um problema para a teologia católica, porque "no fim nós vamos encontrar uma explicação, talvez não nesta vida, mas na próxima vida".
Funes ainda diz que o Vaticano não interfere nas pesquisas dos cientistas, que pode pesquisar qualquer tema, e que até a descoberta de vida extraterrestre não seria um problema para a religião.
"Eu não vejo nenhuma séria dificuldade para a teologia católica se - "SE" com letras maiúsculas - nós encontrarmos vida em algum lugar do universo", se limitou a dizer o cientista. Funes diz à revista que a Igreja não afeta na pesquisa do observatório.
"Eu tive uma audiência privada com o papa Bento XVI em 2008 e ele nunca disse 'você tem que estudar isso ou aquilo'.
Nós temos completa liberdade para pesquisar, e tópicos que estudamos são tópicos nos quais os astrônomos estão interessados: ciência planetária, agrupamentos de galáxias, cosmologia e o Big Bang.
Eu estudo galáxias próximas. Um jesuíta que se unirá a nós em setembro estudará planetas extrassolares."
O diretor diz ainda que ciência e religião não podem interferir uma no mundo da outra. "O problema é quando a religião entre no mundo da ciência, o método científico. (...) Por outro lado, é um perigo quando cientistas usam ciência fora do método científico, para fazer afirmações filosóficas e religiosas - usando ciência para uma finalidade para a qual a ciência não foi feita.
Então, por exemplo, você não pode usar ciência para negar a existência de Deus. Você pode acreditar em que você quiser, mas não pode usar ciência para provar que Deus não existe."
Questionado se o trabalho de alguma maneira afeta as suas crenças religiosas, Funes diz que, ao contrário, ela ajuda. "Eu posso dizer que meu trabalho como cientistas me ajuda a ser uma pessoa religiosa, um padre."
Fonte: Terra
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