Desde que a tumba de Tutancâmon foi descoberta, em 1922, pelo arqueólogo Howard Carter e sua equipe, muito mistério envolve a vida e a morte do jovem faraó que governou o Egito dos 9 aos 19 anos, no século XIV a.C.
Até pouco tempo atrás, os arqueólogos não sabiam quem eram os pais de Tutancâmon nem a causa de sua morte prematura.
Agora, uma equipe de geneticistas, liderada pelo arqueólogo Zahi Hawass, conseguiu solucionar uma parte significativa do quebra-cabeça.
Por meio do estudo do DNA de Tutancâmon e de dez outras múmias que os arqueólogos suspeitavam ser membros da sua família direta, incluindo dois fetos mumificados encontrados na tumba do faraó, foi determinada com certeza praticamente absoluta (uma probabilidade de 99,99%) a identidade dos pais do mais jovem rei do Egito.
Tutancâmon foi fruto de um casamento incestuoso entre o rei Akhenaton e a irmã deste, conhecida como a Jovem Senhora (múmia KV35YL).
A descoberta põe fim às especulações de que Nefertiti, a poderosa rainha egípcia de beleza legendária e uma das mulheres de Akhenaton, tenha sido sua mãe.
"Isso explica porque Tutancâmon era um indivíduo tão frágil e mais suscetível a infecções, o que pode ter causado sua morte", diz Jamie Shreeve, editor de ciência da revista National Geographic, que acompanhou de perto o trabalho da equipe dentro da tumba do Rei Menino, em outubro do ano passado.
O incesto entre os membros da realeza era comum no antigo Egito, pois trazia vantagens políticas e mais poder aos faraós.
Filhos de irmãos estão mais predispostos a defeitos congênitos. Tutancâmon tinha pé torto e lábio parcialmente leporino. Uma enorme quantidade de bengalas e pedaços de bengalas foi encontrada na tumba do faraó.
A análise da múmia de Tutancâmon também indica que ele tenha sofrido de necrose no pé esquerdo, cujo um dos dedos não tinha osso. De todos os faraós, ele é o único ilustrado sentado ao atirar com arco e flecha.
"Este não era um rei que segurava um bastão como símbolo de poder. Ele era um jovem que precisava de uma bengala para caminhar", afirma Hawass.
É possível que a causa de sua morte tenha sido a malária, uma doença comum naquela região e época.
Com base na presença de diversas cepas do parasita Plasmodium falciparum, foi comprovado que Tutancâmon foi infectado pela forma mais grave de malária diversas vezes no decorrer de sua vida.
Equipe de geneticistas, liderada pelo arqueólogo Zahi Hawass (a direita)
No entanto, há cientistas que acreditam que, como a doença era tão comum no Egito, o faraó pode ter desenvolvido uma imunidade parcial à malária.
Por outro lado, a doença pode ter debilitado o seu sistema imunológico e ter levado a complicações em uma fratura encontrada em sua perna - provavelmente causada por uma queda - e avaliada pela equipe, em 2005.
"Podemos descartar a teoria de que Tutancâmon tenha sido assassinado com um golpe na cabeça", afirma Shreeve.
Durante o exame da múmia do faraó, foi determinado que o buraco na sua cabeça foi resultado do processo de mumificação.
Apesar do estudo das outras múmias ainda não estar concluído, com base nos dados até agora examinados, há evidência suficiente para acreditar que a mulher de Tutancâmon, Ankhesenamun, fosse sua meia-irmã, filha de Akhenaton e Nefertiti.
Portanto, o jovem faraó era filho e genro de Akhenaton. Também é bastante provável que os dois fetos sejam de filhas do casal. Tutancâmon e Ankhesenamun não tiveram outros filhos.
"De certa forma, os egípcios atingiram seu objetivo de serem transportados para uma vida após a morte. Sua preservação é extraordinária", diz Shreeve.
A meta dos arqueólogos agora é descobrir mais sobre o DNA de Ramsey I e localizar Nefertiti, que, até hoje, não foi encontrada.
Fonte: Terra
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