segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Moradores não acreditam na versão oficial para a "chuva" de excrementos

George Tastet investigou o fenômeno, anotando diariamente os momentos de maior ocorrência da chuva

A comunidade de Saint-Pandelon, no sudoeste da França, custa em acreditar que a "chuva de fezes" - da qual foi vítima por mais de dois meses - tenha sido provocada por pássaros que voavam pela cidade em meio a uma rota migratória, conforme explicação dada a eles pelo prefeito Jean-Pierre Boiselle.

Para as famílias atingidas, não resta outra explicação para o curioso acontecimento que não a evacuação em pleno voo dos toaletes dos aviões que passam sobre a cidade.

A hipótese é sustentada pelo técnico em energia nuclear aposentado George Tastet, que se transformou em um verdadeiro porta-voz das famílias atingidas desde que o drama foi revelado.

Tastet ficou tão intrigado com o fenômeno que passou a estudá-lo diariamente e trocou suas atividades no campo por pesquisas na internet, a fim de tentar encontrar uma explicação ao fenômeno.

"Vamos começar pelo mais básico: jamais vimos qualquer sinal de bandos de pássaros sobrevoando a região. Inclusive eu fui a um local onde eles se concentram e montam os seus ninhos, e nem lá existe tanto coco quanto houve aqui", argumenta o aposentado.

Segundo Tastet, a prefeitura "tentou empurrar" a versão de que os pássaros martinet-noir - ou andorinhão-preto, em português, um tipo grande de pássaro semelhante a um corvo - estariam em plena rota de migração em direção ao oeste.

Esta seria a justificativa para os excrementos estarem caindo do céu. Os martinets voam a pelo menos 1.000 metros de altitude e se alimentam enquanto se locomovem, o que poderia explicar o fato de eles fazerem suas necessidades ao mesmo tempo em que se movimentam nos ares.

Os testes realizados por um laboratório a pedido da prefeitura reforçaram essa versão, mas não convenceram os moradores, que estão convencidos de que alguma coisa está sendo escondida.

Os resultados apontaram que o material é, de fato, de origem fecal provocado por um vertebrado, mas não humano. O relatório não foi capaz de identificar se as fezes seriam ou não de pássaros.

Além de não perceber a existência de pássaros no céu, Tastet passou a observar em que momentos a comunidade era mais atingida pela "chuva de fezes".

Instalou dois painéis brancos no seu terreno, em locais distintos, e os verificava de hora em hora. Também colocou um medidor amador do vento, que no verão soprava quase sempre na direção oeste.

Ao mesmo tempo, auxiliado por um site que mostra o movimento aéreo na França em tempo real, ele percebeu que a "chuva" se intensificava cerca de 30 minutos depois que um avião sobrevoava a cidade.

"Logo aqui ao lado temos Biarritz, uma praia supermovimentada e em cujo aeroporto circulam dezenas de aviões por dia, sobretudo no verão.

Talvez, por interesses econômicos, não estejam querendo cobrar as companhias aéreas sobre esse assunto justamente no auge da estação turística", afirma Tastet, certo de que a necessidade de cortes de custos nas empresas aéreas chegou ao ponto de as companhias liberarem os reservatórios dos toaletes em pleno ar, ao invés de realizar a limpeza no solo.

A Direção Nacional de Aviação Civil da França, no entanto, afirmou que os aviões não podem fazer tal procedimento em voo sob o risco de despressurização da aeronave.

Tastet, por outro lado, tem um contra-argumento na ponta da língua: "No momento em que eles estão descendo para aterrissar, a pressão dentro e fora do avião volta a ser a mesma.

Não existe mais risco de despressurização", explica, baseado nas pesquisas que realizou na internet. "E como Biarritz fica a apenas 50 km daqui, eles nos sobrevoam justamente no momento em que os aviões estão prestes a pousar. Coincidência, não?", questiona.

Mesmo se não é nenhum especialista, Tastet conseguiu o apoio da comunidade, que permanece insatisfeita com as respostas imprecisas acordadas ao caso.

"Curiosamente, agora que o verão está chegando ao fim, o problema também parece ter acabado, ou ao menos não nos incomoda mais tanto.

Resta saber se no ano que vem vamos ter de viver tudo isso de novo", afirma a enfermeira Leticia.

"A gente corre o risco de nunca saber a verdade, mas, para mim, o mais importante é nunca mais ter de aturar chuva de m**** no meu carro", comenta o irmão de Tastet, Michel, às gargalhadas.


Fonte: Terra

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