quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Vidente diz falar com ex-ministro do TSE assassinado no DF

A vidente Rosa Maria Jaques, suspeita de atrapalhar a investigação da morte do ex-ministro do TSE



A vidente Rosa Maria Jaques, suspeita de atrapalhar a investigação da morte do ex-ministro do TSE José Guilherme Villela e da advogada Maria Carvalho Villela, afirma que mantém contato com os espíritos do casal assassinado.

A vidente indicou à polícia do DF uma prova que, depois, foi considerada "plantada" e resultou na prisão dela. Há duas semanas, a paranormal obteve habeas corpus.

Em entrevista exclusiva à Folha, a vidente disse por e-mail que não se arrepende de ter entrado no caso e que "vai com os espíritos até o fim".

Apesar de ser acusada de atrapalhar a investigação, Rosa Maria nega que conheça pessoalmente Adriana Villela, filha do casal e suspeita de ser a mandante do crime.

A vidente classificou as críticas sobre a paranormalidade como uma "inquisição". "Todo mundo aceita os médiuns ou paranormais desde que estejam mortos."


FOLHA - A senhora conhecia a Adriana Villela?
ROSA MARIA JAQUES - Não conheço.

FOLHA - A senhora teve algum tipo de contato com Adriana Villela, antes de procurar a polícia?
ROSA - Não tive nenhum contato com ela, seja antes ou depois dos homicídios, nem sequer por telefone e até hoje nunca falei fisicamente com qualquer parente ou pessoa próxima a ela.

FOLHA - A senhora afirma que teve visões sobre o crime. Quando isso aconteceu? Em quais circunstâncias? Como teve certeza de que se tratava do caso da 113 Sul?
ROSA - Tive contato com o caso quando vi uma reportagem de um jornal de Brasília tratando do caso. Estava na casa de uma amiga quando estive em Brasília. Nem sabia nada sobre o caso até esse momento.

Quando vi a reportagem, percebi através da vidência que o caso iria ficar sem solução, e disse ao meu marido que poderia ajudar.

Ele me olhou curioso, pois sempre me estimulou a participar e ajudar em casos de soluções difíceis. Isso não depende de nosso querer, mas de uma espécie de autorização 'lá de cima', de sinais extrasensoriais que a inteligência paranormal me permite receber, que para mim são muito claros.

Aprendi com o tempo a interpretar corretamente minhas percepções, principalmente se devo recuar ou seguir em frente. E, neste caso, nunca tive, e não tenho, nenhuma dúvida, sobre o que vi e sobre o que disse à polícia.

FOLHA - Como foi o primeiro contato após a clarividência? Procurou direto a polícia?
ROSA - Logo depois das visões que tive ao ver as reportagens, meu marido entrou em contato com a polícia.

No outro dia, fomos recebidos pela delegada [responsável pelo caso], ela aceitou nossa colaboração. Explicamos que já havíamos participado de outros processos e percebíamos que poderíamos ajudar.

Explicamos que nossas informações são orientações, dicas que mostram caminhos, não são a solução completa do caso.

A polícia precisaria completar e investigar as possibilidades. Pedimos sigilo quanto à participação, que seria um trabalho voluntário. Desde o inicio fomos muito bem recebidos, sem preconceitos.

FOLHA - A senhora teve algum contato com a família de Adriana Vilella?
ROSA - A partir de minhas capacidades paranormais, fiz contato com os espíritos dos pais de Adriana.

A última vez foi antes de receber a noticia da concessão da liberdade por meio do habeas corpus. O espírito da mãe de Adriana veio me agradecer por ter me mantido fiel à verdade, apesar da grande pressão da situação e as consequências sobre minha vida e minha reputação.

Quero deixar claro que para mim ver espíritos e conversar com eles é tão natural quanto conversar com pessoas vivas.

FOLHA - Como foi o trabalho junto a polícia? Que informações passou para a primeira delegada responsável pelo caso?
ROSA - Prefiro chamar de colaboração, pois não foi um trabalho. Foi sem nenhum tipo de remuneração. Estivemos muitas vezes juntos e falamos muito por telefone.

As informações prestadas estão no inquérito. Então, é melhor não divulgá-las, para não atrapalhar nas investigações.

FOLHA - A polícia afirma que a chave foi uma prova "plantada". Como a senhora avalia essa declaração da polícia?
ROSA - Não vejo que a chave foi plantada. Vi através da vidência que a polícia acharia provas, nunca disse que seria uma chave.

FOLHA - Arrepende-se de ter entrado no caso?
ROSA - Eu e meu marido não nos arrependemos de ter participado deste caso, mesmo depois dessa importante experiência da prisão.

Somos inocentes e não inventamos nada. Acreditamos nos espíritos e com eles vamos até o fim. Não escolhi este dom, mas aprendi a lidar com ele com independência religiosa e equilíbrio emocional.

Acredito na justiça dos homens que é feita com provas concretas, não com suposições e indícios. Nossas consciências estão em paz, muito mais com a Justiça Divina.

FOLHA - A senhora teve alguma outra visão em relação a esse caso? Suspeita de quem pode ter sido o mandante e o executor do crime?
ROSA - Foram diversas visões sobre o caso e todas as informações foram passadas à polícia. Tenho opinião formada com relação à essas suspeitas. Toda a colaboração está documentada no inquérito.

FOLHA - A polícia sustenta que a senhora atrapalhou as investigações. Como a senhora vê essa acusação?
ROSA - Sustento e reafirmo todas as informações que obtive através da vidência e contato com os espíritos --informações que passei para a polícia sobre este caso.

FOLHA - Na prisão, a senhora era procurada pelas detentas para fazer previsões? Como foram esses dias na penitenciária?
ROSA - Fui muito bem tratada na prisão. Desde o primeiro dia atendi muitas detentas que estavam alojadas comigo.

FOLHA - Como responde às críticas em relação ao seu trabalho de vidente?
ROSA - Vejo como uma forma atualizada da inquisição.

Todo mundo aceita os médiuns ou paranormais desde que estejam mortos. Não tenho dúvida de minhas capacidades.

Minha vida inteira lidei com o preconceito, minha sorte foi minha personalidade ser forte e acreditar nas minhas convicções.


Fonte: Folha.com

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