Os répteis resistem às construções nas proximidades das lagoas de Jacarepaguá, Recreio dos Bandeirantes e Barra da Tijuca e se aproximam cada vez mais do asfalto. Segundo especialistas, há cerca de 500 desses animais nessas áreas.
No Canal das Tachas, no Recreio, há inúmeros deles, sem placas de alerta à população. Lá, os jacarés já viraram atração. Não é raro flagrar curiosos fazendo fotos, alimentando-os ou jogando objetos para chamar sua atenção.
Natural de São Paulo e morador do bairro há 5 anos, Wladimir Olivência, 49 anos, vai diariamente observar os répteis, que, segundo ele, estão em número crescente. “Me sinto na selva. Já soube de cachorros comidos e sempre alerto as pessoas”, conta.
Antes de levar a filha Sophia, 3 anos, à escola, a dentista Débora Beltrame, 29, passa pelo canal para verificar se há jacarés tomando banho de sol. “Minha filha cobra todo dia a visita ao jacaré. É diferente do zoológico, porque eles estão mais perto”, disse.
Biólogo especialista em jacarés e crocodilos e pesquisador da Uerj, Ricardo Freitas diz que os répteis não oferecem risco a seres humanos, porque eles não fazem parte do cardápio dos animais. Mas é preciso respeitar distância de pelo menos 1,5 metro.
Há 6 anos estudando a região de Jacarepaguá, Ricardo já registrou 320 jacarés, sem relatos de ataques a pessoas. “Em outubro e novembro, eles se reproduzem e, com o espaço das lagoas reduzido, é provável que procurem novos lugares para encontrar fêmea, como o asfalto”, explica o especialista.
Reserva
Todos os jacarés capturados pelo Corpo de Bombeiros e pela Patrulha Ambiental no estado são levados para o Parque Chico Mendes, no Recreio. Veterinários avaliam o estado de saúde dos animais, prestam os primeiros socorros e, após a ‘alta’, devolvem os répteis às lagoas da Zona Oeste.
Os ‘lagartões’ ficam, em média, 15 dias no parque. Segundo Denise Monsores, gestora do local, há cerca de 60 jacarés que pertencem ao parque e vivem na Lagoinha das Tachas: “Não chega a dez o número de jacarés que recebemos por ano e todos são devolvidos ao local onde foram resgatados”.
Réptil é mascote na CDD
Além do Canal das Tachas, o Rio Grande, na Cidade de Deus, também é um reduto dos répteis. Moradoras do local, Rosicleia de Souza, 42 anos, e Maria Cristina Alves, 45, contam que um deles já virou mascote da comunidade. Em dias de sol, ele se exibe para os moradores, que se reúnem à beira do rio.
“O jacaré é manso e nunca atacou ninguém. Para as crianças, é ótimo, porque falta lazer aqui e nem sempre é possível levá-las ao zoológico”, conta Maria.
Segundo o coronel Loureiro, do Quartel de Bombeiros da Barra da Tijuca, este ano foram 75 chamadas para captura de animais, cinco deles, jacarés. Ele alerta a população para não tentar contê-los, mas sim, chamar os bombeiros. Para esse tipo de operação, são deslocados seis homens: “É raro o jacaré entrar em casas. Normalmente capturamos na rua”.
ALIMENTAÇÃO
Jacarés se alimentam de insetos, moluscos, peixes, sapos, ratos, capivaras e aves. Não é aconselhável alimentar os répteis, pois os condimentos necrosam os órgãos. Como têm digestão lenta, os jacarés podem ficar dias sem comer. JACAREPAGUÁ
O nome significa em tupi ‘lagoa rasa dos jacarés’. A região é habitada por jacarés há milhares de anos, e as espécies sobreviveram à ocupação humana. PAPO AMARELO
No Sudeste, só há jacarés de papo amarelo. Cerca de 90% dos da da Zona Oeste são machos. Isso porque muitos animais são soltos no local sem controle. HÁBITOS
Jacarés precisam da água para se locomover e caçar e da terra para banhos de sol, reprodução e para fazer ninhos. Eles são classificados como ectodérmicos, ou seja, não produzem calor e precisam de banhos de sol para manter o corpo aquecido e garantir o metabolismo. A temperatura dos ovos determina o sexo. Ninhos com pouco calor resultam em fêmeas. LOCALIZAÇÃO
No Rio, os jacarés costumam ficar nos canais das Tachas e do Terreirão (Recreio), complexo lagunar de Jacarepaguá, áreas alagadas de Vargem Grande, Curicica, Canal de Marapendi (Barra) e Ilha dos Pescadores (Jacarepaguá).
Fonte: O Dia Online
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