Fenômeno contradisse previsões de que gás permaneceria no mar do Golfo do México por muitos anos.
De acordo com estudo, as 200 mil toneladas de metano liberadas nas águas do Golfo foram digeridas por bactérias em apenas 120 dias.
A descoberta feita por pesquisadores da Universidade da Califórnia e Texas A&M é relatada em estudo publicado hoje no periódico científico Science.
Em junho de 2010, a equipe de pesquisadores das universidades realizou a primeira expedição pela região do acidente e encontrou metano nas águas profundas do Golfo do México acima do solo marinho.
Neste mesmo mês foram medidos os índices de consumo de metano por bactérias. A conclusão dos pesquisadores na época era de que o gás persistiria por muitos anos naquela área.
Porém, nas três expedições subseqüentes, o cenário mudou. “Entre agosto e outubro, nós tivemos mais três expedições e descobrimos que todo o metano foi consumido por bactérias em apenas 120 dias”, disse ao iG John Kessler, professor do departamento de oceanografia da Universidade Texas A&M, que participou do estudo.
O grupo de pesquisadores sugere que houve aumento muito grande na população de bactérias (Methylococcaceae, Methylophaga e Methylophilaceae), que transformam o gás metano em gás carbônico. “Elas não foram detectadas em nossa expedição de junho e a população cresceu 36% até o mês de setembro”, disse.
Kessler avalia que o rápido consumo do gás tem duas implicações diferentes. “O metano corresponde a 30% do peso do material despejado na tragédia e agora podemos dizer que este material foi consumido e não está mais nas águas do Golfo.
Outra questão importante é que a liberação natural de metano por fendas do solo marinho, que não tem capacidade de influenciar as mudanças climáticas”, disse.
Parâmetro
Para se ter uma ideia da quantidade de metano que é liberada naturalmente do solo marinho, Kessler compara o desastre do Golfo do México com o Mar Negro, que contém muitos lugares no fundo do mar com fendas que emitem metano naturalmente.
“A taxa de liberação de metano do desastre da Deepwater Horizon é aproximadamente igual à taxa de liberação de metano natural de todo o Mar Negro.
No entanto, o Mar Negro abrange uma área de 423 mil km2, diferente do cano quebrado da plataforma de petróleo, que tinha apenas 0,7 m2”, disse.
O fundo do mar é o maior reservatório global de metano, um dos gases causadores do efeito estufa.
O pesquisador lembra que registros geológicos sugerem que houve liberação maciça de metano do fundo do mar em vários momentos que influenciaram o clima ao longo da história da Terra.
“O desastre da Deepwater Horizon simula uma enorme liberação de metano em uma área localizada ao longo de um período de tempo geológica curto. O interessante foi que pudemos acompanhar o ciclo de metano presente e determinar o que pode acontecer”, disse.
Fonte: IG
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