Nas gavetas do Museu de História Natural de Londres, uma dupla de pesquisadores brasileiros conseguiu resgatar uma das mais antigas descobertas paleontológicas do país --e a memória de uma velha lambança científica.
Tratam-se de dois dentes de pterossauro --um réptil alado da Era dos Dinossauros. O que sobrou do bicho foi coletado na Bahia por Joseph Mawson no fim do século 19.
Os restos foram, mais tarde, descritos pelo paleontólogo britânico Arthur Smith Woodward (1864-1944). É o primeiro pterossauro descoberto na América do Sul.
Os fósseis ficaram esquecidos no museu londrino até serem encontrados de novo em 2007.
Agora, os paleontólogos Taissa Rodrigues e Alexander Kellner, do Museu Nacional da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), conseguiram reexaminar os dentes e publicar os resultados na "Revista Brasileira de Paleontologia".
Rodrigues e Kellner, especialistas em pterossauros, apostam que os dentes pertencem a um parente dos célebres membros do gênero Anhanguera, já com várias espécies identificadas nas rochas da chapada do Araripe (CE).
Eles chegavam a ter quatro metros de uma ponta à outra das asas --tão grandes quanto as maiores aves vivas, digamos.
Os detalhes dos dentes não são suficientes para dizer se pertenciam a uma espécie ainda desconhecida.
Os paleontólogos brasileiros também mostram, no estudo, que Woodward havia se confundido feio ao examinar e descrever outros fósseis baianos em 1891.
Ele havia dito que os ossos pertenciam a um pterossauro, mas eles, na verdade, eram de um celacanto --peixe relativamente próximo dos vertebrados terrestre, de cujo grupo ainda há espécies vivas.
Coincidência ou não, isso talvez indique certa propensão do britânico a comprar gato por lebre. Anos depois, ele seria enganado pela fraude do chamado homem de Piltdown, suposto ancestral do ser humano que, na verdade, foi forjado.
Fonte: Folha.com
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