quinta-feira, 3 de março de 2011

Custo para mapear espécies desconhecidas é de R$ 430 bilhões

Nova espécie de camarão Princaxelia jamiesoni




Descobrir e descrever formalmente todas as espécies de animais ainda desconhecidas custaria um pouco mais do que o PIB (Produto Interno Bruto) de Portugal: cerca de R$ 430 bilhões.

A conta, feita por uma dupla de biólogos da USP, está repleta de incertezas (a começar, claro, pelo fato de que ninguém sabe, afinal, quantas espécies ignotas ainda existem por aí).

Mas é um dos primeiros cálculos detalhados a abordar o custo do desconhecimento humano sobre a biodiversidade.

"Claro que é uma estimativa. Queremos estimular a discussão, não tanto sobre o dinheiro, mas sim sobre a importância da taxonomia [área responsável por descrever espécies e estudar as relações entre elas]", diz Antonio Carlos Marques, do Departamento de Zoologia da USP.

Marques assina, junto com Fernando Carbayo, o artigo que descreve a conta na revista científica "Trends in Ecology and Evolution".

Eles são especialistas na diversidade de espécies de cnidários (grupo das águas-vivas) e planárias (vermes achatados), respectivamente.


MILHÕES


A dupla partiu das estimativas mais recentes sobre o total de espécies de bichos planeta afora, que propõem algo como 2 milhões de criaturas já batizadas com nome científico e 5 milhões de animais desconhecidos.

"Existem vários jeitos de fazer essa estimativa", diz Marques. Um deles envolve isolar uma única árvore amazônica e fumigá-la com inseticida até que todos os bichos que a habitam desabem.

O especialista faz a contagem de corpos e vê quantos pertencem a espécies conhecidas. Quando se multiplica o que sobra pelo número de espécies de árvores, chega-se ao possível número total de animais desconhecidos.

"Outro caminho é olhar como avança a curva das descrições de espécies ao longo do tempo", explica Marques.




"A curva é bastante heterogênea, mas a gente consegue usar ferramentas estatísticas para mostrar que a curva ainda está subindo, ou seja, o ritmo de descrições ainda está aumentando."

O passo final da conta foi estimar os custos a partir do que um taxonomista brasileiro típico gasta ao longo da carreira.

Em média, esses biólogos descrevem 25 espécies durante sua vida científica, com orçamento per capita de R$ 165 mil por ano.

A média nacional é representativa porque o Brasil é um dos países mais ativos na pesquisa taxonômica atual.


Fonte: Folha.com

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