A conta, feita por uma dupla de biólogos da USP, está repleta de incertezas (a começar, claro, pelo fato de que ninguém sabe, afinal, quantas espécies ignotas ainda existem por aí).
Mas é um dos primeiros cálculos detalhados a abordar o custo do desconhecimento humano sobre a biodiversidade.
"Claro que é uma estimativa. Queremos estimular a discussão, não tanto sobre o dinheiro, mas sim sobre a importância da taxonomia [área responsável por descrever espécies e estudar as relações entre elas]", diz Antonio Carlos Marques, do Departamento de Zoologia da USP.
Marques assina, junto com Fernando Carbayo, o artigo que descreve a conta na revista científica "Trends in Ecology and Evolution".
Eles são especialistas na diversidade de espécies de cnidários (grupo das águas-vivas) e planárias (vermes achatados), respectivamente.
MILHÕES
A dupla partiu das estimativas mais recentes sobre o total de espécies de bichos planeta afora, que propõem algo como 2 milhões de criaturas já batizadas com nome científico e 5 milhões de animais desconhecidos.
"Existem vários jeitos de fazer essa estimativa", diz Marques. Um deles envolve isolar uma única árvore amazônica e fumigá-la com inseticida até que todos os bichos que a habitam desabem.
O especialista faz a contagem de corpos e vê quantos pertencem a espécies conhecidas. Quando se multiplica o que sobra pelo número de espécies de árvores, chega-se ao possível número total de animais desconhecidos.
"Outro caminho é olhar como avança a curva das descrições de espécies ao longo do tempo", explica Marques.
"A curva é bastante heterogênea, mas a gente consegue usar ferramentas estatísticas para mostrar que a curva ainda está subindo, ou seja, o ritmo de descrições ainda está aumentando."
O passo final da conta foi estimar os custos a partir do que um taxonomista brasileiro típico gasta ao longo da carreira.
Em média, esses biólogos descrevem 25 espécies durante sua vida científica, com orçamento per capita de R$ 165 mil por ano.
A média nacional é representativa porque o Brasil é um dos países mais ativos na pesquisa taxonômica atual.
Fonte: Folha.com
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