Geiseritos paulistas - rochas em forma de cone com dutos por onde saem jatos de água - formam composição única no mundo; são 4,5 mil estruturas de até 1 metro de altura numa área de 1,5 km2.
Os Geiseritos de Anhembi, como são conhecidos na literatura científica, atraem pesquisadores por ser uma formação única no mundo, com 4,5 mil estruturas de até 1 metro de altura concentradas numa área de 1,5 km2.
De acordo com o diretor de Turismo de Anhembi, Raul Marcel da Silva, o sítio também atrai curiosos e colecionadores e é comum os visitantes quebrarem as pedras para levar os pedaços como souvenir. "Muitas formações estão quebradas e espalhadas pelo chão", conta.
Os geiseritos são rochas em forma de cones que possuem um duto interno por onde os gêiseres - jatos de água quente com vapor - saem do interior da terra e chegam até a atmosfera.
As estruturas de Anhembi começaram a ser estudadas em 2003, por meio de um projeto de pesquisa financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
"O que encontramos em Anhembi é talvez o único registro geológico no mundo de atividade hidrotermal muito intensa no período permiano (de 250 milhões a 300 milhões de anos atrás)", afirma o diretor do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador da pesquisa, Jorge Kazuo Yamamoto.
Ele conta que são conhecidos hoje cerca de mil gêiseres no planeta, sendo mais famosos o do Parque Nacional de Yellowstone, nos Estados Unidos.
A diferença é que lá há cerca de 500 gêiseres espalhados por uma área gigantesca, que abrange três Estados.
"Nosso sítio, nesse de preservação, é um registro único. Podemos ver que esses corpos estão sendo desenterrados pela erosão moderna, muito recente em termos geológicos." O trabalho dos pesquisadores da USP resultou em um artigo publicado em 2005 na revista Nature.
A lei estadual 12.687, publicada em 3 de setembro de 2007, dispôs sobre a criação e preservação do Monumento Natural Geiseritos de Anhembi.
Na época, a justificativa era a necessidade "iminente" de preservação de um sítio natural raro e muito singular, pelo fato de "serem estruturas geológicas frágeis e estarem sujeitas a qualquer degradação natural e antrópica (pela ação do homem)".
De acordo com o diretor de Turismo de Anhembi, a expectativa era que o local fosse transformado em um parque geológico e turístico, mas nada aconteceu.
Área privada. Os geiseritos estão em uma área de pastagem da fazenda que pertence ao ex-prefeito Geraldo Conceição Cunha, a 14 km da zona urbana.
Assim que soube da lei de preservação, Cunha delimitou a área com cercas para evitar o acesso do gado. Ele disse que, além de pesquisadores, o local passou a atrair turistas movidos apenas pela curiosidade.
Segundo Cunha, muitas das formações foram quebradas antes de se saber que eram importantes. As pedras foram usadas até para cascalhar estradas.
O ex-prefeito afirma que não tem como evitar as invasões. "Mantenho um funcionário na fazenda apenas para cuidar do gado e roçar o pasto."
O proprietário afirma que tem dado apoio aos pesquisadores da USP, mas não sabe qual será o destino da área.
"Ninguém me procurou para dizer o que será feito." Ele disse que o terreno isolado ficou como uma área "morta" da propriedade, voltada para a criação de gado. "Até agora só tive despesas com isso."
O deputado Adriano Diogo (PT), autor da lei de preservação, lamentou a falta de interesse do governo estadual e da prefeitura em proteger e divulgar o monumento geológico.
"Não tiveram o trabalho de ao menos colocar uma placa no local." Ele reconhece que a cidade é pequena e, provavelmente, sem recursos para instalar um parque, mas considera possível uma parceria com a iniciativa privada. "Tem um tesouro ali e ninguém se deu conta."
Foi recomendada a criação de um grupo de trabalho para regulamentar a lei que criou a unidade de conservação.
O plano é ter uma estratégia conjunta de proteção e desenvolvimento dos geoparques paulistas por meio do turismo, mas a proposta está em discussão.
Fonte: Estadão
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