sexta-feira, 4 de março de 2011

Pernambuco: Três pessoas são presas por suspeita de morte após ritual em terreiro

Segundo a polícia, o pai de santo Paulo Vítor de Araújo Gomes seria o autor intelectual do crime


Professora Maria Iraci de Moraes vivia no local fazia dois anos; marido diz que ela era vítima de tortura.

Três pessoas foram apresentadas pela Polícia Civil, na quarta-feira (02), como suspeitas de envolvimento no homicídio e esquartejamento da professora Maria Iraci Tavares de Moraes, 51 anos, cujos restos mortais foram encontrados num açude em Surubim, na Zona da Mata pernambucana.

De acordo com a investigação, a vítima, professora licenciada do Estado, morava havia 2 anos num terreiro de candomblé no bairro do Cordeiro, no Recife.

Ela teria sido apresentada à mãe de santo Elisabeth de Lima Santos, 41 anos, por uma amiga e ido viver no local por livre e espontânea vontade, tornando-se filha de santo. O executor do crime seria Ailton Félix da Silva, 41 anos, que procurou a polícia para contar onde estava escondido o corpo da professora.


Ailton Félix da Silva

Ele afirmou à polícia que é filho de santo e também morava no terreiro, tendo um relacionamento com a vítima.

Segundo o marido da vítima, ela passava por tortura e rituais de magia negra no terreiro. Além de Aílton Félix, foram presos a mãe de santo Elisabeth Santos e o marido dela, Paulo Vítor de Araújo Gomes, 23 anos, que seriam os supostos responsáveis pelo ritual que culminou com a morte de Maria Iraci.



A mãe de santo Elisabeth de Lima Santos


O crime teria acontecido no dia 4 de fevereiro deste ano. Depois de torturada, ela teria recebido, através de uma injeção, uma dose de uma substância não identificada, que a levou à morte.

O corpo de Maria Iraci foi levada para o sítio Desterro, em Surubim, onde Ailton Félix da Silva afirmou que o carbonizou e jogou num açude.

A dúvida dos investigadores agora reside em outro aspecto: partes do corpo analisado não condizem com o cadáver de uma mulher de 51 anos. A hipótese é que sejam partes de outros corpos, de outras vítimas.

O delegado Felipe Regueira explica como ocorreu a morte da professora. “Sempre havia rituais de culto ao diabo, tanto é que Paulo Vítor tem a tatuagem do diabo nas costas e, segundo o próprio Aílton, ele é uma pessoa que torturava todos na casa.

Nós constatamos também que ela fez empréstimos de R$ 30 mil, vendeu parte da herança dela e furtou as joias da família e nada disso estava com ela, estava tudo em poder da mãe de santo. Ailton alega que ela foi vítima de ritual de tortura na sexta.

Chamaram um veículo, que ficou na porta da casa, colocaram o corpo dela na mala e seguiram para Surubim, onde o Aílton confessa que, ameaçado pelo pai de santo, esquartejou, cortou em vários pedaços o corpo dela e depois jogou no rio”, conta o delegado.

Os três são acusados de homicídio e ocultação de cadáver. Os homens devem ser levados para o Centro de Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, e a mulher, para a Colônia Penal Feminina do Recife.



Fonte: pe 360 graus



Terreiro não era reconhecido





Representantes das religiões de matriz africana de Pernambuco



Representantes das religiões de matriz africana do estado se reuniram, ontem, para esclarecer que o ritual macabro que resultou na morte da professora Maria Iracy Tavares de Moraes, 51 anos, não tem nenhuma relação com as práticas do candomblé.

Eles devem entregar, hoje, um documento ao Ministério Público repudiando o crime e a postura dos gestores públicos por entenderem que houve intolerância e preconceito religioso ao abordarem o assunto confundindo as crenças.

Para eles, o ritual está relacionado ao satanismo, que vem a ser o oposto do cristianismo. Um curso para 50 delegados da capital e da Região Metropolitana também será oferecido pelas entidades, no dia 21 de março, para aprofundar as questões da diversidade religiosa e cultural do país.

De acordo com a representante do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial Mãe Elza de Iemanjá, não existem no candomblé rituais que envolvam a oferenda de seres humanos, como supostamente teria sido o caso da professora.

´Pelo contrário: o nosso culto é de amor às criaturas e respeito à vida. Não vamos mais tolerar sermos associados a práticas que não conhecemos.

Basta de discriminação. É uma ousadia adentrar minha religião e dizer o que quer`, colocou. Mãe Elza informou que os representantes dos mais de 1,7 mil terreiros catalogados na RMR vão denunciar ao MPPE a casa onde a prática aconteceu e pedir o seu fechamento, já que o lugar não é reconhecido como terreiro e não atende aos rituais do candomblé.

Para o babakekere do Ile Axé Egbeawo Tarcísio Torres, houve três erros básicos ao associar o crime a uma prática religiosa de matriz africana.

O primeiro foi a utilização do termo ´magia negra` como se estivesse relacionado ao candomblé, quando está ligado ao satanismo.

O segundo, que foi cometido pelos próprios suspeitos, foi autodenominarem-se de pai e mãe de santo. O último foi a alusão às tatuagens de Paulo Vítor, como se tivessem relação com os signos do candomblé.

´Para nós, essas pessoas são, no mínimo, desinformadas por usarem termos de uma cultura para justificar seus atos e infelizes por não saberem que estão prejudicando todo um povo que pode ser discriminado`, disse Torres.



Fonte: Diário de Pernambuco



Outros casos já foram registrados


Assassinatos envolvendo supostamente rituais de magia negra foram registrados em Pernambuco nos últimos anos.

Em junho de 2008, depois de 49 dias, a polícia encontrou o corpo do estudante Arlisson Wanderley dos Santos, na época com 15 anos, enterrado em um dos quartos da casa alugada pelo amigo Thiago Alves da Silva, 20, no Loteamento Bela Vista, em Igarassu.

Em janeiro do ano anterior, outra barbárie possivelmente ligada à bruxaria. A gorata Amanda Beatriz de Oliveira, 16, foi estuprada, espancada e coberta com pó de argamassa por dois colegas, no centro do Recife.

O homicídio de Arlisson foi descoberto depois que o dono da residência percebeu o mau cheiro do corpo e acionou a polícia. Thiago Alves assumiu a culpa e revelou a participação de dois adolescentes no crime.

O principal acusado teria prometido a alma da vítima para o diabo em um ritual satânico. Arlisson foi morto durante uma festa, regada a bebidas e comprimidos de roupinol. Depois de a vítima ´apagar`, ela foi enforcada.

O corpo de Arlisson foienterrado ao lado da cama em que, por vários dias, Thiago ainda dormiu. Depois de preso, Thiago foi encontrado morto por enforcamento na cela do Centro de Triagem, em Abreu e Lima.


Bruxaria



Interessada pelos mistérios do ritual wicca, a estudante Amanda Beatriz de Oliveira conheceu Geison Duarte da Silva e Thiago Alencar, numa banca de revistas, na Avenida Conde da Boa Vista. Tornaram-se amigos.

Em um dia de sábado, foram assistir a um vídeo na residência de um dos acusados pelo crime, na Rua Manoel Borba, na Boa Vista.

Ela foi abusada sexualmente e morta a socos e pontapés. Logo depois, o corpo da adolescente foi colocado no cesto de roupa, enrolado em uma rede e coberto com argamassa. O assassinato foi denunciado à polícia pela mãe de Geison. Os dois acusados foram presos.


Fonte: Diário de Pernambuco

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