quinta-feira, 3 de março de 2011

Programador de computadores vira paleontólogo e batiza dinos

Brontomerus macintoshi


Recentemente, Mike Taylor identificou um novo dinossauro chamado Brontomerus mcintoshi, um saurópode de coxas notavelmente fortes. Esse foi o segundo dino que Taylor batizou em cinco anos e sua 13ª publicação de paleontologia.

Seria impressionante, mas nada incomum, para um aplicado paleontólogo em tempo integral. Porém, Taylor é um programador de computadores britânico de 42 anos que trabalha escrevendo códigos numa vila inglesa chamada Ruardean. Caçar dinossauros é apenas um hobby, embora seja levado com seriedade.

Dez anos atrás, ao ler um artigo de paleontologia durante uma viagem de avião, ele teve uma revelação. "Eu apenas achei que poderia fazer melhor do que aquilo", diz ele. "E então decidi, por que não? O que me impede?"

Seu interesse infantil pelos dinossauros se reacendeu em 2000 e ele adquiriu livros clássicos sobre o assunto e acumulou uma coleção de revistas de paleontologia, estudando-as com a voracidade de um estudante universitário.

Seus inúmeros artigos lhe renderam um título formal de Ph.D. em paleontologia pela Universidade de Portsmouth, em 2009.

"Existem muitos fãs de dinossauros por aí", comenta Taylor, "eu era apenas mais um deles".

Sua descoberta mais recente, o Brontomerus macintoshi, recebeu o nome em homenagem a John McIntosh, mais um desses "fãs".

McIntosh foi professor de física em Wesleyan, mas passava o tempo livre debruçado sobre ossos em museus do mundo todo.

Quando se aposentou, há 20 anos, dedicou-se ao estudo dos saurópodes, a classe dos grandes dinossauros herbívoros também preferida por Taylor.

Durante mais de 30 anos, McIntosh realizou importantes contribuições, escrevendo muitos artigos e livros.

Em 1979, ajudou a provar que os paleontólogos haviam montado a cabeça errada de um saurópode chamado Apatossauro. "Até mesmo um pequeno paleontólogo pode fazer uma gigantesca contribuição", diz Taylor.


FONTE NOS MUSEUS


Outras disciplinas científicas, como física e genética, exigem equipamentos complexos, grandes laboratórios e enormes verbas.

Embora a paleontologia use cada vez mais imagens de tomografia e análises moleculares, ainda há muito espaço para a honrada busca por ossos e a montagem de esqueletos.

"Você só precisa de uma câmera razoavelmente boa, um pouco de tempo e dinheiro para viajar a museus, certa experiência e um bom olho", diz Nicholas Longrich, paleontólogo da Universidade de Yale. "Mesmo assim é difícil e nem todos conseguem fazê-lo, mas os obstáculos de entrada são muito menores do que para outros campos."

O programador nunca participou de escavações e prefere estudar a grande quantidade de fósseis não-classificados que acumulam poeira nos porões de museus.

Ele tira fotos de diversos ângulos e conduz medições detalhadas, analisando posteriormente suas informações.

"Dado o tempo limitado que tenho disponível para a paleontologia, conferências e visitas a museus acabam sendo mais importantes", diz ele.

Sua primeira descoberta, um osso pertencente a um herbívoro do tamanho de um elefante chamado Xenoposeidon, foi escavado no início da década de 1980. Adquirido pelo Museu de História Natural em Londres, permaneceu sem identificação até que Taylor começou a estudá-lo.

"Nossos museus estão abarrotados de artefatos que nunca foram estudados ou explicados", explica Mathew Wedel, paleontólogo e anatomista da Universidade de Ciências da Saúde e co-autor, junto a Taylor, do artigo sobre o Brontomerus.

Os dois se conheceram por correspondência há dez anos, quando Taylor lhe mandou um e-mail sobre uma de suas publicações.

Começaram, então, a compartilhar e discutir ideias. Hoje são melhores amigos, e geralmente se encontram em conferências de paleontologia e museus para trabalhar em conjunto.

Embora Wedel dedique tempo integral à paleontologia, ele vê grandes benefícios em colaborar com o amigo, que proporciona uma perspectiva original.

"No início não havia o que hoje chamamos de cientista profissional", diz ele. "Ao longo do caminho nós perdemos algo, e foi essa ideia de que qualquer um pode contribuir para o conhecimento humano."


Fonte: Folha.com

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...