terça-feira, 17 de maio de 2011

Onça 'fujona' de MS aguarda rádio-colar e exames para ser solta


Animal que fugiu duas vezes do Cras está em uma jaula reforçada. Viabilização da compra do rádio-colar está sendo feita com o Cenap.

A onça pintada que em 2010 fugiu duas vezes do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras), em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, aguarda a viabilização da compra de um rádio-colar e a finalização de alguns exames para ser devolvida à natureza.

A informação é do coordenador do Cras, o biológo Elson Borges. Segundo ele, a aquisição do equipamento está sendo discutida pelo órgão com o Centro Nacional de Pesquisas para a Conservação dos Predadores Naturais (Cenap).

As principais dificuldades são o fato da coleira ser importada e o seu alto valor, aproximadamente R$ 15 mil.

Borges explica que o rádio-colar é um aparelho dotado de GPS, que possibilita o acompanhamento de todos os movimentos do animal, seu deslocamento, locais onde vive ou caça, e até mesmo se foi ferido ou morto.

Além de todo monitoramento à distância, os membros do Cenap acompanharão a onça também em seu habitat natural.

De acordo com o biológo, sem o rádio-colar não existe previsão para a libertação da onça. Ele aponta que outro grande empecilho é a escolha do local de soltura.

“Os animais geralmente são soltos em áreas cadastradas pelo Cras, porém estamos encontrando dificuldades para achar áreas disponíveis”.

O coordenador do Cras comenta que o lugar ideal para soltá-la seria o Parque Nacional do Ivinhema, na Bacia do Paraná, que é um local próximo de onde ela foi encontrada.

“Porém a Polícia Militar Ambiental nos informou que houve um manifesto dos fazendeiros da região, que se mostraram contra a soltura da onça na área”, relata.


As fugas


A onça, do sexo feminino, hoje com um ano, foi encontrada quando tinha aproximadamente dois meses, sozinha, em uma pastagem, em Água Clara, cidade que fica a 180 quilômetros de Campo Grande.

Foi encaminhada para o Cras e no dia 29 de outubro do ano passado fugiu pela primeira vez do centro.

Quase dois meses depois, no dia 28 de dezembro, foi recapturada e encaminhada novamente para o Cras, mas desta vez para uma jaula nova, feita especialmente para abrigá-la. Dois dias depois, o animal repetiu a proeza e fugiu de novo.

A segunda recaptura foi dia 12 de fevereiro deste ano, quando a onça caiu em uma das armadilhas espalhadas pela reserva que fica no entorno do Cras.

Desta vez, o animal foi encaminhado para uma jaula que antes chegou a ser usada por um leão, e que teve toda sua estrutura metálica reforçada para evitar mais uma fuga.


O Cras


Segundo a bióloga Nara Teodoro Pontes, o Cras atende atualmente cerca de mil animais. Em reabilitação estão nove onças pardas, uma pintada, antas (entre elas uma albina), macacos, veados, tartarugas, gatos-do-mato, tamanduás, e muitas aves, como, tucanos, papagaios, maritacas e araras, entre outros.

De acordo com o coordenador do centro de reabilitação, os animais chegam ao local após serem apreendidos pela Polícia Militar Ambiental e Ibama com traficantes ou criadores ilegais, ou ainda quando são resgatados após serem atropelados, quando são entregues pela população ou quando invadem uma área habitada.

Dos animais atendidos no centro, Borges calcula que 70% conseguem voltar ao seu habitat. Outros, que não têm condições de reabilitação, são encaminhados para zoológicos ou pra criadouros conservacionistas autorizados pelo Ibama.

O Cras existe há 23 anos e já atendeu cerca de 33 mil animais neste período. Somente este ano foram atendidos 2.500, sendo que aproximadamente 1.500 já voltaram para a natureza após a reabilitação.


Fonte: G1

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