Após nove anos de trabalhos de restauração, especialistas conseguiram unir 60% dos 49.800 fragmentos da obra.
Após nove anos de trabalhos de restauração, especialistas do Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH) conseguiram unir 60% dos 49.800 fragmentos da obra.
O mural foi descoberto no interior de uma cisterna ou caixa de água localizada no pé da fachada oeste do Colégio de Santa Cruz de Santiago Tlatelolco quando a Chancelaria realizava obras na região sem autorização do INAH, requisito obrigatório por se tratar de uma área arqueológica.
"Aí foi quando percebi que entre os pedaços de concreto também haviam fragmentos de estuque e decidi descer", afirmou o coordenador nacional de arqueologia do INAH, Salvador Guilliem, que em companhia de um grupo de especialistas descobriu 12 metros quadrados de afresco.
Trata-se de um mural único que exibe a fusão das técnicas pictóricas empregadas pelas culturas mexicana e europeia durante os alvores novohispanos, em onde é possível apreciar cenas naturalistas realizadas por mãos indígenas, explicou.
Como é o caso de imagens de elementos aquáticos como peixes, plantas e flores, figuras humanas, aves cantando, um macaco carregando o filhote, uma cruz e sanefas baseadas no cordão franciscano.
Especialistas afirmam que os desenhos do mural foram realizados a pedido dos frades com a intenção de divulgar a mensagem de que sob a nova ordem católica "a figura indígena é respeitada e considerada como benéfica".
O mural foi pintado só 15 anos após a queda do império asteca nas mãos espanholas. O exterior das paredes da cisterna tem 5.20 metros de comprimento por 8.60 de largura, e o interior mede 4 metros de comprimento por 6.60 de largura.
Acredita-se que a obra foi destruída pelos indígenas no século 18 em um ritual, o que explica o fato de as peças terem sido encontradas em sua totalidade e organizadas cuidadosamente no interior da caixa de água.
O arqueólogo explicou que nessa época foi emitida uma bula papal que recomendava apagar qualquer sinal do mundo indígena e foi por isso que voluntariamente os nativos destruíram e o esconderam para conservá-lo.
Atualmente, o mural está sendo remontado em forma de quebra-cabeças sobre três suportes metálicos que ficam nas laterais da cisterna. Antes de sua instalação, as peças serão submetidas à técnica de nanopartículas de cal para retirar os sais que têm devido à umidade que estiveram expostas nos últimos dois séculos.
O mural deve ficar pronto em agosto para a inauguração do Museo de Sitio Caja de Agua en Tlatelolco.
Fonte: Estadão
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