O 54° ataque de tubarão a surfista na região metropolitana do Recife (PE) desde 1992, ocorrido na quarta-feira (29), deve tirar do papel o projeto de instalação de uma rede de proteção para garantir a prática do esporte numa área de 20 km, que compreende os litorais de Recife, Jaboatão dos Guararapes e Cabo de Santo Agostinho.
O Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarão (Cemit) informou ao UOL Notícias que uma tela de proteção móvel será instalada nos próximos meses para isolar áreas que estiverem sendo usadas para torneios de surfe.
O surfista Marlison Danilo de França, 21, foi atacado na manhã da quarta-feira (29), quando praticava bodyboard na praia do Pina, a cerca de 20 metros da faixa de areia.
De acordo com o Cemit, o jovem estava num trecho proibido à prática de surfe, onde existem placas indicativas da proibição a cada 200 metros.
Marilson foi atingido por uma mordida que atingiu a panturrilha e a coxa, causando fraturas e perda de massa muscular que podem resultar na amputação ou perda dos movimentos da perna direita do jovem.
Os médicos do Hospital da Restauração, onde ele está internado, acompanham a evolução do estado clínico para definirem sobre novos procedimentos. O estado de saúde dele é considerado estável.
Foi o primeiro ataque desde outubro 2009 e o 54° registrado na região metropolitana em 19 anos, período em que os incidentes com tubarão começaram a ser monitorados pelo Cemit. Desde lá, 19 pessoas morreram por conta dos ataques.
A rede
A rede de proteção que será instalada terá 100 metros de extensão e será montada a 200 metros da faixa de areia, garantindo a distância dos tubarões dos locais dos torneios. A tela deve custar R$ 100 mil, mas ainda não tem data para instalação.
Alguns testes já foram realizados em Pernambuco, e os resultados foram positivos. O presidente do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarão, Fábio Hanzin, informou que o projeto de instalação está em fase final, e uma licitação para contratação da empresa que vai confeccionar o equipamento será lançada.
A proteção da tela é restrita ao local em que estiver instalada e não pode ser apontada como solução definitiva.
“A tela é como um alambrado num campo de futebol. Ela vai separar os tubarões da área na qual os surfistas estiverem competindo”, disse Hazin, que também é diretor do Departamento de Pesca da UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco).
Surfe proibido em 20 km
A prática de surfe é proibida num trecho de 20 quilômetros do litoral pernambucano, que começa na praia do Pina, em Recife, e vai até a praia do Paiva, em Cabo de Santo Agostinho.
É nesse trecho de alto mar que os tubarões mudam da rota sul para a norte e se aproximam da praia, onde atacam surfistas e banhistas.
Segundo Hazin, os ataques de tubarões, maioria da espécie tigre, começaram a ocorrer no litoral de Pernambuco depois da construção do complexo portuário de Suape.
Ele explicou que trabalhos vêm sendo realizados para tentar minimizar o problema dos ataques.
“Sempre que conseguimos capturar um tubarão, instalamos uma marca monitorada por satélite para acompanharmos o caminho que o animal seguiu e sermos avisados se ele voltou.
Em seguida soltamos o animal no mar em uma nova rota para que ele se afaste do nosso litoral”, disse Hazin.
Segundo ele, em todos os casos que o procedimento foi adotado deu certo, e os tubarões não voltaram mais. Hazin descartou a possibilidade de sacrificar os tubarões que são capturados pelo departamento de pesca da UFRPE.
O presidente do Cemit ainda criticou a postura dos surfistas, que ignoram a proibição e praticam o esporte nas prais da Grande Recife.
“Os surfistas sabem do risco e são imprudentes. Mesmo com o monitoramento, eles insistem em praticar o esporte. Esse grupo que estava surfando ontem já é conhecido dos Bombeiros”, afirmou.
Fonte: BOL Notícias
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