Projeto monitora os nove animais restantes na Mata Atlântica no estado. Conservação inclui proteção de espécies das quais os felinos se alimentam.
Os felinos são monitorados há cinco anos e a confirmação da existência de nove diferentes indivíduos é animadora e ao mesmo tempo preocupante: os pesquisadores afirmam que estes exemplares podem ser os últimos da espécie ainda presentes no estado.
Consideradas “indicadores de qualidade ambiental” por causa do grande espaço que demandam para circular e se alimentar, as onças-pintadas podem sofrer com a interferência humana ou mesmo desaparecer devido a falta de ações de conservação.
“Não sabemos a quantidade de onças-pintadas que existiam no estado antes. Entretanto, esses animais encontrados e classificados como população residente da reserva são os últimos existentes na Mata Atlântica no Espírito Santo”, afirmou Ana Carolina Srbek, bióloga e coordenadora do Projeto Felinos, que monitora as espécies presentes na reserva.
Genética
Ana Carolina e sua equipe capturaram imagens e identificaram os animais que vivem na área de floresta.
Eles agora vão analisar a variabilidade genética das onças e organizar um conjunto de informações que pode ajudar na estruturação de planos para a proteção da espécie.
“Serão mostrados os primeiros indicativos de que a espécie está entrando em colapso, como ela tem se adaptado às mudanças naturais do clima, às doenças e também como está a sua alimentação. Quanto a isso, paralelamente é feito um trabalho de manutenção das populações de outros animais que fazem parte da cadeia alimentar das onças-pintadas”, disse a bióloga. Os primeiros dados começam a ser divulgados em setembro.
Segundo ela, projetos de conscientização são feitos com moradores próximos à reserva para combater ações de caça de animais como veados, cutias, pacas e quatis, que fazem parte do regime alimentar das onças-pintadas. “Se nada for feito, até 2100 esta espécie poderá ter desaparecido”, afirma Ana Carolina.
Preservação
A reserva, localizada em Linhares (ES) e pertencente à companhia Vale, faz parte de um sistema natural composto ainda pela Reserva Natural de Sooretama, administrada pelo Instituto Chico Mendes Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
A área tem cerca de 46 mil hectares de mata nativa (460 km²), um espaço maior que a Ilha de Santa Catarina, e representa 10% de toda cobertura original do bioma no Espírito Santo.
O local é cortado pela rodovia federal BR-101, que liga o Sul do país ao Nordeste. Com a estrada atravessando as duas reservas, com automóveis e caminhões em alta velocidade, existe o risco de os animais serem atropelados, diminuindo ainda mais a quantidade de espécimes no estado.
“O último caso de onça-pintada atropelada aconteceu em 2003. Mas sempre vai existir o risco de perda de animais se não existir uma solução palpável, como a implantação de redutores de velocidade nessa região”, aponta.
A Mata Atlântica é um dos biomas brasileiros que mais sofreu degradação, restando atualmente 7,5% da sua cobertura original.
Segundo informações do Projeto Felinos, outros exemplares ainda não quantificados de onças-pintadas estão distribuídos por parques estaduais existentes em Minas Gerais, São Paulo e Paraná.
Fonte: G1
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