Para esclarecer este debate sobre a evolução, que preocupa especialistas, uma equipe de cientistas estudou a vegetação africana de sete milhões de anos.
A teoria dominante durante muito tempo dizia que o leste da África, berço dos ancestrais do homem moderno, esteve coberto de florestas tropicais durante milhões de anos até que começou a perder terreno para a savana há cinco milhões de anos.
Daí a "teoria da savana", de 1925, que explica como certos hominídeos - ancestrais do australopiteco, o homem moderno, dos chimpanzés e dos gorilas - se adaptaram a este novo ambiente caminhando eretos e tornando-se bípedes.
Neste mesmo momento, teriam desenvolvido seu cérebro e outras características que fizeram deles os humanos atuais.
Mas esta teoria clássica tem sido questionada ultimamente. Alguns cientistas demonstraram que já existiam zonas desérticas antes da transição para a savana, ao mesmo tempo em que áreas de floresta se prolongaram durante muito tempo naquela região.
O debate entre especialistas é tão intenso que o próprio termo "savana" pode definir de uma região semidesértica a uma zona florestal, segundo o caso.
Uma equipe de geólogos e de biólogos decidiu pôr em ordem esta questão estudando, graças às diferentes formas de carbono pelas plantas nos sedimentos, a evolução da camada vegetal nas duas regiões do leste da África mais ricas em fósseis de hominídeos: o vale do Awash, onde Yves Coppens descobriu os restos do australopiteco Lucy, e a bacia do Omo Turkana, ambos na Etiópia.
Outros enigmas
Os resultados, publicados na quarta-feira na revista Nature, "mostram que espaços abertos existiram, de forma ininterrupta, durante os últimos seis milhões de anos nas regiões do leste da África onde foram encontrados os fósseis protohumanos mais significativos", resumiu o professor da Universidade de Utah (EUA), Thure Cerling.
Mais precisamente, a cobertura vegetal não supera os 40% na imensa maioria das zonas do Awash e do Omo Turkana.
"Em alguns momentos, (a cobertura) tinha mais ervas daninhas e em outros, menos", mas se tratava essencialmente de "pradarias", em outras palavras, "savanas", afirmou Cerling, autor principal do estudo.
Com estes dados, a "teoria da savana" continuaria válida, mas o estudo revela outros enigmas, segundo comentário em separado de Craig Feibel, especialista em Geologia e Paleontologia da Universidade Rutgers (EUA).
"Enquanto criaturas que alguns consideram os mais antigos bípedes predominavam em habitats abertos, um bípede mais recente, o australopiteco, se desenvolveu em habitats florestais", informou.
Há pesquisas em curso para tentar "cruzar" estes dados ecológicos com os conhecimentos disponíveis sobre os fósseis para conhecer melhor a distribuição espacial e os hábitats de vida dos nossos ancestrais entre estes diferentes meios "abertos" e "cobertos".
"A maioria dos fósseis descobertos foi encontrada onde o indivíduo morreu ou no local onde seus ossos foram transportados, mas não necessariamente onde ele viveu", disse Feibel.
Fonte: Terra
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