segunda-feira, 15 de agosto de 2011

'Supergene' faz borboleta da Amazônia mudar asas para proteção

As duas primeiras fileiras mostram borboletas da espécie Heliconus numata; na terceira fileira é possível ver dois exemplares da espécie Heliconus melpomene e na última fileira se encontram duas borboletas da espécie Heliconus erato (Foto: Reprodução/PLos Biology)

Como uma borboleta da Amazônia pode imitar nas asas os desenhos de congêneres venenosas para se proteger de seus predadores?

Este misterioso mimetismo acaba de ser desvendado por cientistas, graças à análise de um "supergene", destacou um estudo publicado na sexta-feira (12) na edição online da revista "Nature".

"Este fenômeno tem intrigado cientistas há séculos, inclusive o próprio Darwin", afirmou Richard Ffrench-Constant, da Universidade de Exeter, no Reino Unido.

"Nós realmente ficamos impressionados com o que descobrimos", completou Mathieu Joron, do Museu Nacional de História Natural de Paris, que chefiou as pesquisas da equipe franco-britânica.

Os desenhos complexos que a borboleta amazônica Heliconus numata ostenta em suas asas permitem a ela imitar seis espécies de borboletas venenosas, de sabor amargo, desagradável para as aves.

As borboletas Heliconus capazes de imitar suas congêneres venenosas (Melineae) transmitem às suas descendentes esta proteção contra os predadores.


Herança



Mas, como todas as características necessárias são transmitidas? O "supergene" situado em um único cromossomo compreende cerca de 30 genes que controlam, juntos, muitas características como a cor das asas, que são "herdadas em bloco" pela geração seguinte, explicou Mathieu Joron.

A "manutenção de boas combinações", que permite imitar diferentes espécies de borboletas venenosas, se deve a um "mecanismo quase inesperado", explicou.

Dentro do "supergene", a ordem dos genes varia nas borboletas Heliconus que ostentam desenhos diferentes.

Alguns genes se encontram "de costas uns para os outros", o que "suprime o processo natural de recombinação" genética no âmbito da reprodução sexuada, afirmou.

Desta forma, "os genes se comportam como blocos colados", o que evita, segundo o pesquisador, a formação de formas intermediárias de borboletas que perderiam, assim, a vantagem do mimetismo.

A existência de grupos coordenados de genes que formam um supergene já era conhecida em outras espécies, como as flores primaveras ou na camuflagem de mariposas.


Fonte: G1

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