quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Descoberta de nova estrela obriga astrônomos a rever teorias

Cientistas dizem que esta estrela nunca deveria ter se formado


Uma equipe de astrônomos europeus utilizou o Very Large Telescope (telescópio muito grande, em tradução livre) do ESO - o VLT - para descobrir uma estrela na Via Láctea que muitos pensavam não poder existir.

Os astrônomos descobriram que esta estrela é composta quase inteiramente por hidrogênio e hélio, com quantidades minúsculas de outros elementos químicos.

Esta intrigante composição química coloca a estrela na chamada "zona proibida" dentro da teoria de formação estelar mais aceita, o que significa que esta estrela nunca deveria ter se formado. Os resultados serão publicados na revista Nature na quinta-feira.

Uma estrela de baixa luminosidade situada na constelação de Leão mostrou possuir a menor quantidade de elementos mais pesados que o hélio do que todas as estrelas estudadas até hoje. Este objeto possui uma massa menor que a do Sol e tem provavelmente mais de 13 bilhões de anos de idade.

"Uma teoria muito aceita prediz que estrelas como esta, com pequena massa e quantidades de metais extremamente baixas, não deveriam existir porque as nuvens de material a partir das quais tais objetos se formariam nunca poderiam ter se condensado", disse Elisabetta Caffau, autora principal do artigo científico que descreve estes resultados.

"É surpreendente encontrar pela primeira vez uma estrela na 'zona proibida'. Isto significa que teremos que verificar alguns dos modelos de formação estelar".

A estrela é tênua e tão pobre em metais que um único elemento mais pesado que o hélio - o cálcio - foi identificado nas primeiras observações.

Os cosmólogos acreditam que os elementos químicos mais leves (hidrogênio e hélio) foram criados pouco depois do Big Bang, juntamente com um pouco de lítio, enquanto que a maioria dos outros elementos foram posteriormente formados nas estrelas.

As explosões de supernovas espalharam o material estelar para o meio interestelar, tornando-o rico em metais.

As novas estrelas que se formam a partir deste meio enriquecido possuem por isso maiores quantidades de metais na sua composição do que as estrelas mais velhas.

Por conseguinte, a proporção de metais numa estrela nos dá informação sobre a sua idade. "A estrela que estudamos é extremamente pobre em metais, o que significa que é muito primitiva. Pode ser uma das estrelas mais velhas já encontradas", acrescenta o chileno Lorenzo Monaco, que também participou do estudo.

É igualmente surpreendente a falta de lítio na estrela. Uma estrela tão velha deveria ter uma composição semelhante àquela do universo pouco depois do Big Bang, com apenas um pouco mais de metais.

É um mistério como o lítio foi destruído neste astro. Os investigadores também apontam para o fato do corpo provavelmente não ser o único do tipo.


Fonte: Terra

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