Em julho último, pesquisadores encontraram na China o fóssil de uma nova espécie de dinossauro emplumado – batizado Xiaotingia zhengi - que, segundo eles, forçaria um rearranjo da árvore filogenética dos terópodes, tirando o Archaeopteryxda sua posição de primazia e levando ele e seus parentes para uma família de dinossauros que ainda não seriam aves.
Agora, porém, cientistas liderados por Michael Lee, do Museu do Sul da Austrália, fizeram nova análise da árvore filogenética e recolocaram o Archaeopteryx como o mais antigo ancestral de todos pássaros do mundo. O animal ocupava esta posição desde que um fóssil dele foi encontrado na Alemanha, em 1861, revelando uma combinação de características de répteis e aves.
- O Archaeopteryx é o ícone da paleontologia como o primeiro pássaro, mas uma pletora de descobertas de dinossauros emplumados na China, em particular, tem erodido a distinção do que define uma ave – admite Trevor Worthy, paleontólogo da Universidade da Nova Gales do Sul, na Austrália.
- Essa tendência se acentuou quando o Xaiotingia foi analisado recentemente e a análise indicou que o Archaeopteryx teria mudado de categoria.
O resultado sensacional foi apresentado e atraiu muita publicidade, mas o fraco suporte estatístico a esta conclusão não recebeu a consideração merecida.
Segundo Worthy, o trabalho dele e de Lee usou um método diferente de análise do normalmente usado pelos morfologistas, mas muito comum em pesquisas de dados moleculares, que deicou claro que o Archaeopteryx é mesmo o mais antigo pássaro com forte probabilidade estatística.
- No nosso trabalho, Lee mostrou com muita clareza que a metodologia é altamente significativa e, antes que um paradigma seja mudado, os dados precisam ser rigorosamente examinados – diz.
- Este caso demonstra que métodos de análise múltiplos devem ser usados e apresentar resultados concordantes antes que uma quebra de paradigma seja aceita. E mostra ainda que o Archaeopteryx continua a ser a chave para o entendimento das origens dos pássaros.
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