Jorge Luiz Calife
A década de 1950 foi a era dos discos voadores. Relatórios vindos de todas as partes do mundo, falavam de misteriosas aeronaves em forma de pires, capazes de voar a velocidade supersônica.
Para o povo, e uma parte da imprensa, os discos eram uma prova da existência de seres extraterrestres interessados em nosso planeta.
Poucos sabiam que alguns discos vinham de lugares bem menos distantes do que Marte ou Saturno.
Eles eram criação de um engenheiro britânico radicado no Canadá, chamado Jack Frost.
Trabalhando na empresa Avro Canadá, Frost produziu vários modelos de aeronaves circulares, em forma de disco, incluindo o famoso Avrocar, que encontra-se atualmente no museu da Força Aérea americana, em Dayton, no Estado de Ohio.
Frost ficou interessado em discos voadores quando trabalhava no projeto do caça supersônico canadense Avro Arrow e acabou contratado pelos militares norte-americanos para desenvolver o super secreto "Projeto Y".
A história do Projeto Y parece a trama de um episódio do seriado "Arquivo X", mas, aconteceu realmente, durante os anos da Guerra Fria.
Na época, um dos maiores problemas dos engenheiros aeronáuticos era resolver a questão da estabilidade de aeronaves em velocidades supersônicas.
O melhor projeto para um avião supersônico não funciona em velocidades subsônicas e vice-versa. Isso acontece porque abaixo da barreira do som, o ar se desloca em torno do avião formando um fluxo uniforme, como uma corrente de água.
Além da barreira do som, o ar forma ondas de choque nas partes curvas das asas e da fuselagem. É possível criar um desenho específico para isso.
O problema é que todo avião supersônico tem que reduzir a velocidade para pousar e se torna então subsônico.
Caças como o famoso F-104 Starfighter eram instáveis a baixas velocidades e mataram muitos pilotos em acidentes, durante os pousos e as decolagens.
Frost descobriu que a forma de disco não apresentava esse problema. Ela era eficiente em velocidades supersônicas e ao mesmo tempo estável em baixas velocidades.
Tudo dependia do modo como o ar era direcionado em torno do pires de metal. Frost também percebeu que os discos podiam voar acima do solo através do chamado "efeito Coanda" onde um fluido, como o ar, segue a forma de uma superfície convexa.
Resultados
Depois de testar a tecnologia em várias miniaturas, Frost apresentou seus resultados a um grupo de militares americanos, que visitaram a sede da Avro, em Toronto, para ver o desenvolvimento do caça Arrow.
Os americanos ficaram tão interessados na idéia de um disco voador, voando com as cores da United States Air Force que aprovaram um financiamento de 750 mil dólares para a fase inicial do programa.
Os 750 mil viraram dois milhões de dólares em 1956 e o disco voador passou a ser conhecido, nos corredores do Pentágono, como Projeto de Arma 606 A.
A Força Aérea Americana queria um disco para atuar nas funções de caça interceptador. Já o Exército americano queria um disco de pequeno porte, capaz de pairar acima do solo, transportando soldados e armas sobre rios e regiões pantanosas.
As necessidades do exército eram mais fáceis de serem atendidas e a equipe de Frost construiu dois veículos que ficaram conhecidos como o Avrocar VZ-9AV e foram testados em bases militares.
Os tripulantes ficavam dentro de duas bolhas transparentes, perto das bordas do disco, enquanto o centro era ocupado por uma enorme turbina a jato.
Ela soprava o ar para baixo, criando uma pressão que levantava o veículo de duas toneladas de peso, fazendo com que se deslocasse na direção escolhida pelo piloto.
Depois de vários testes foram encontrados problemas de estabilidade, difíceis de serem resolvidos.
Em 1961 o Exército americano cancelou o contrato para o jipe voador e os dois discos foram mandados para o museu.
O que aconteceu com o projeto da Força Aérea ninguém sabe ao certo. Há quem diga que vários discos foram construídos e usados em missões de espionagem sobre a antiga União Soviética. Mas, o governo americano nunca admitiu isso.
O que restou foram os dois modelos construídos para o Exercito. Um está no Museu Aeroespacial de Washington, o outro no Museu da Força Aérea.
E há uma réplica em exibição no museu de Manitoba na costa oeste do Canadá. Daí que a velha pergunta sobre a existência ou não de discos voadores pode ser respondida com um sim. Eles não eram marcianos, eram canadenses.
Fonte: Diário do Vale
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