quinta-feira, 3 de novembro de 2011

As estranhas cavidades de Mercúrio


O planeta Mercúrio é um dos planetas do Sistema Solar menos estudados até hoje. O motivo é simples: sua proximidade com o Sol.

Mandar uma sonda que consiga chegar e entrar em órbita estável em um planeta tão pequeno e tão próximo do Sol é um desafio e tanto para a astronáutica.

Para você ter uma ideia, até janeiro de 2008, as únicas imagens da superfície de Mercúrio haviam sido obtidas pela sonda Mariner 10, que fez três sobrevoos em 1975.

Esses três rasantes nem foram suficientes para mapear todo o planeta, e por 33 anos tínhamos de conviver com um mapa da superfície de Mercúrio em que uma boa parte dela simplesmente não existia.

Em agosto de 2004, foi lançada a sonda Messenger da Nasa. Ela seguiu rumo a Mercúrio depois de algumas manobras complicadas no espaço, que incluíam dois voos rasantes, um na Terra e outro em Vênus.

Mesmo na trajetória correta, a Messenger precisou fazer três sobrevoos em Mercúrio para que pudesse estabelecer uma órbita estável. A partir de janeiro de 2008, novas fotos começaram a chegar e muita coisa nova começou a surgir.

A última delas, veio nesta semana. A Messenger encontrou uma série de buracos e depressões na superfície de Mercúrio, totalmente desconhecidas anteriormente.

Essas depressões variam de tamanho, desde uns 20 metros até mais de 1,5 km de comprimento, com profundidade variando entre 20 e 40 metros. Ninguém sabe como elas foram criadas.


David Blewett, membro da equipe científica da Universidade Johns Hopkins considera essa descoberta uma “surpresa gigantesca”.

Mercúrio é considerado uma relíquia dos tempos iniciais do Sistema Solar que não deveria ter mudado muito, a não ser pelas crateras produzidas pelos impactos de asteroides ao longo dos milênios.

O problema é que essas cavidades, ou buracos, parecem ser mais jovens que as crateras, sugerindo que o planeta ainda está mudando, evoluindo de forma surpreendente.

Formações parecidas foram encontradas no gelo das calotas polares de Marte, onde foram apelidadas de queijo suíço, mas nunca haviam sido encontradas em rochas.

Além disso, o interior dessas cavidades é mais claro, dando a impressão de que brilha, e ainda por cima possuem halos em sua volta.

Um fato importante é que essas cavidades estão associadas aos picos centrais de crateras, criados quando um meteoro cai sobre a superfície.

A ideia é que esse material mais claro tenha vindo de camadas mais profundas, contendo materiais voláteis que acabam se vaporizando posteriormente.

Com isso, esse material que aflora se torna mais “esponjoso”, ou seja, mais frágil e mais fácil de ser removido pela própria ação do Sol ou pelo impacto de outros micrometeoritos, formando, assim, essas depressões no terreno.

Tudo isso não passa de uma teoria, bem fundamentada, mas o mais importante é que a Messenger já mudou completamente a ideia que os astrônomos tinham sobre a origem e a evolução de Mercúrio.

Saber como ele se formou trará implicações importantes nas teorias de formação de todos os outros planetas do Sistema Solar, e a Messenger ainda vai mexer profundamente com o que se acredita até agora.


Fonte: G1-Observatório

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