terça-feira, 1 de novembro de 2011

Às vésperas do Dia de Finados, conheça a profissão de coveiro

Para Eurípedes Dias, a maior dificuldade da profissão é lidar com a dor dos outros


Abrir covas para cadáveres pode ser algo assustador para algumas pessoas, mas para Eurípedes Barçanulfo Dias, 62 anos, é simplesmente mais uma profissão.

O sepultador, ou como é mais conhecido, coveiro, trabalha há vinte e quatro anos no Cemitério São Pedro, no bairro Martins, setor central de Uberlândia.

Segundo Eurípedes, ele trabalhou como terceirizado durante quatro anos e em 1991 prestou o concurso da Prefeitura e conquistou o primeiro lugar.

“Foi muito bom. Eu nem acreditei quando vi o meu nome no jornalzinho. Passei de terceirizado para funcionário público”.

A profissão de Eurípedes Dias ainda é pouco reconhecida pela sociedade, porém muito exigente. Ser sepultador é trabalhar garantindo a organização do cemitério, a limpeza das covas e jazigos, realizar sepultamentos e exumações, carregar caixões, dentre outras funções. Ainda é desejável aprender a lidar com a morte e com a tristeza alheia.

Para Eurípedes Dias, a maior dificuldade que o sepultador vê na profissão é lidar com a dor dos outros. “Não é fácil. A gente acaba sentindo a dor também.

Já cheguei a chorar algumas vezes no trabalho”. Eurípedes afirma que ainda tem pessoas que veem o sepultador como uma pessoa dura, mas, como qualquer ser humano ele também tem sentimentos.

O sepultador conta que sofre com o preconceito enfrentado. “É triste ver a minha profissão menosprezada e não reconhecida pelas pessoas.

Fazemos aquilo que muitos não fazem. Já vi diversas pessoas chegarem cedo para trabalhar no cemitério e ir embora à tarde e não voltar mais”.

Eurípedes Dias disse ainda que que algumas pessoas o olham como se fosse de outro mundo e até tem receio de ficar perto ou conversar.

“Uma vez fui abrir crediário em uma loja e quando falei minha profissão a atendente abriu uma cara de espanto e foi logo exclamando – Credo! Deus me livre. Você é doido”.

A família de Eurípedes não tem preconceito em relação ao trabalho dele e encara a profissão como outra qualquer, que necessita de responsabilidade, dinamismo, força física e capacidade de organização e observação.

Eurípedes Dias disse que já pensou em desistir da profissão, porém, o amor pelo que faz falou mais alto.

“Já fui picado três vezes por escorpião enquanto preparava uma cova e o sangue de um morto já caiu em mim, dentre outras coisas mais. Porém, apesar de tudo, eu gosto muito do que eu faço”.

O salário de um sepultador para uma escala de trabalho 12 x 48 (trabalha 12h e folga 48h) é de R$667, com os benefícios, no fim do mês, Eurípedes Dias chega a receber R$800.


Existe assombração no cemitério ?


No dia a dia do trabalho de sepultador, Eurípedes Dias conta que já viu assombração e coisas sobrenaturais.


Sepultador conta que já viu assombração e coisas sobrenaturais em Cemitério de Uberlândia


“Era cerca de duas horas da manhã e eu estava cavando um buraco, pois tinha um sepultamento logo de manhãzinha. Perto do buraco havia uma parte clara e outra bem escura. Quando olhei para a parte clara vi um vulto – um homem caminhando com calça preta e blusa branca. Como apareceu também desapareceu”.

Em outra situação, o sepultador contou que ele e seus companheiros de profissão já viram uma lona se mexer em cima de um jazigo bem lentamente e, nem ventando estava.

Eurípedes diz que o sobrenatural às vezes causa receio, mas, é preciso saber lidar com isso. “Nunca tive medo do que vi. Quem tem fé em Deus, não tem medo dessas coisas”.


Atribuições do Coveiro/Sepultador


* Controlar, segundo normas estabelecidas, o cumprimento das exigências para sepultamento, exumação e localização de sepulturas;

* Auxiliar no transporte de caixões;

* Preparar sepulturas, abrindo covas e moldando lajes para tampá-las, bem como auxiliar na confecção de gavetas, entre outros;

* Fazer inumações jogando cal virgem no fundo da sepultura, descendo a urna funerária até a sua base, fechando a sepultura com placas de cimento e areia ou enchendo-a com terra;

* Fazer a exumação, quebrando o lacre que une as placas de cimento e as paredes do túmulo e ou cavando a terra até a urna retirando os restos mortais, transferindo-os para urnas menores ou outro recipiente.



Fonte: Correio de Uberlândia

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