sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Estrela “vampira” revela os segredos de sua cripta


Astrônomos obtêm melhor imagem de sistema binário onde um astro “suga” material de outro.

Astrônomos do Observatório Europeu do Sul (ESO) obtiveram a melhor imagem até agora de uma estrela enquanto ela rouba material de uma companheira em um sistema binário. Apelidada de “vampira”, ela faz parte do incomum sistema SS Leporis, a cerca de 1,1 mil anos-luz na constelação de Lepus (Lebre).

Neste sistema, as duas estrelas orbitam uma a outra a cada 260 dias, separadas por pouco mais que a distância do Sol para a Terra, cerca de 150 milhões de quilômetros.

A maior e mais fria delas se estende a um quarto desta distância e a proximidade fez com que a menor e mais quente já tenha canibalizado aproximadamente metade da massa da companheira.

- Sabíamos que essa estrela dupla era incomum e que material estava fluindo de uma estrela para a outra – diz Henri Boffin, co-autor de artigo sobre a observação publicado no periódico “Astronomy & Astrophysics”.

- O que descobrimos, porém, é que a transferência de massa se deu de uma forma completamente diferente do que os modelos prévios sobre o processo. A “mordida” da estrela vampira foi gentil, mas muito eficaz.

Para revelar os segredos da “cripta” da estrela vampira os astrônomos do ESO combinaram a luz capturada por quatro telescópios da instituição no Observatório de Paranal, no Chile.

Com isso, eles criaram um telescópio virtual com um espelho de 130 metros de diâmetro e capaz de obter imagens 50 vezes mais nítidas que o telescópio espacial Hubble.

- As imagens são tão nítidas que não só podemos ver as estrelas orbitando uma em torno da outra como medir o tamanho da maior das duas estrelas – conta Nicolas Blind, principal autor do estudo.

As novas observações mostram que a estrela gigante vermelha é menor do que se pensava, o que dificulta explicar como ela perdeu tanta matéria para sua companheira.

Os astrônomos agora acreditam que, ao invés de construir uma ponte entre os dois astros, o material deve ter sido expelido pela estrela gigante na forma de vento estelar e então capturado pela estrela menor.

- Essas observações demonstram a nova capacidade do interferômetro do VLT e abre o caminho para muitos outros estudos fascinantes sobre estrelas duplas interativas – conclui Jean-Philippe Berger, outro autor do artigo sobre a estrela vampira.



Fonte: O Globo Online

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