Astrônomos obtêm melhor imagem de sistema binário onde um astro “suga” material de outro.
Astrônomos do Observatório Europeu do Sul (ESO) obtiveram a melhor imagem até agora de uma estrela enquanto ela rouba material de uma companheira em um sistema binário. Apelidada de “vampira”, ela faz parte do incomum sistema SS Leporis, a cerca de 1,1 mil anos-luz na constelação de Lepus (Lebre).
Neste sistema, as duas estrelas orbitam uma a outra a cada 260 dias, separadas por pouco mais que a distância do Sol para a Terra, cerca de 150 milhões de quilômetros.
A maior e mais fria delas se estende a um quarto desta distância e a proximidade fez com que a menor e mais quente já tenha canibalizado aproximadamente metade da massa da companheira.
- Sabíamos que essa estrela dupla era incomum e que material estava fluindo de uma estrela para a outra – diz Henri Boffin, co-autor de artigo sobre a observação publicado no periódico “Astronomy & Astrophysics”.
- O que descobrimos, porém, é que a transferência de massa se deu de uma forma completamente diferente do que os modelos prévios sobre o processo. A “mordida” da estrela vampira foi gentil, mas muito eficaz.
Para revelar os segredos da “cripta” da estrela vampira os astrônomos do ESO combinaram a luz capturada por quatro telescópios da instituição no Observatório de Paranal, no Chile.
Com isso, eles criaram um telescópio virtual com um espelho de 130 metros de diâmetro e capaz de obter imagens 50 vezes mais nítidas que o telescópio espacial Hubble.
- As imagens são tão nítidas que não só podemos ver as estrelas orbitando uma em torno da outra como medir o tamanho da maior das duas estrelas – conta Nicolas Blind, principal autor do estudo.
As novas observações mostram que a estrela gigante vermelha é menor do que se pensava, o que dificulta explicar como ela perdeu tanta matéria para sua companheira.
Os astrônomos agora acreditam que, ao invés de construir uma ponte entre os dois astros, o material deve ter sido expelido pela estrela gigante na forma de vento estelar e então capturado pela estrela menor.
- Essas observações demonstram a nova capacidade do interferômetro do VLT e abre o caminho para muitos outros estudos fascinantes sobre estrelas duplas interativas – conclui Jean-Philippe Berger, outro autor do artigo sobre a estrela vampira.
Fonte: O Globo Online
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