A Nasa não está mais tão ocupada enviando astronautas para o espaço a bordo de sua aposentada frota de ônibus espaciais, o que deixou tempo sobrando para que se foque em outras missões urgentes, como buscar centenas de amostras de pedras lunares que deu para diversas instituições e desaparecidas há anos.
Um novo relatório interno da agência espacial americana mostra como ela generosamente distribuiu parte de seu espólio extraterrestre para governos e organizações que prometiam usá-lo em pesquisas .
O documento, no entanto, também critica como a Nasa foi negligente em monitorar o destino das amostras e garantir que as que dadas como empréstimo fossem devolvidas.
Segundo o texto, assinado por Paul Martin, inspetor-geral da Nasa, 517 pedras lunares e outros “astromateriais” emprestados pela agência entre 1970 – quando as missões Apollo começaram a coletá-las – e 2010 sumiram ou foram roubados.
A tarefa de recuperar esse material está em parte a cargo de Joseph R. Gutheinz Jr., um advogado do Texas que já atuou como “agente secreto” da Nasa na interceptação de tentativas de pessoas venderam pedras lunares que teriam adquirido por milhões de dólares em um verdadeiro “mercado negro espacial”.
Agora, Gutheinz se dedica a buscar as amostras onde quer que estejam, em lugares que podem ser tanto esquecidas em uma caixa de sapatos em um armário quanto em um cofre.
- Alguém dá uma pedra lunar para um governador e ele fica com ela ou a perde – conta o advogado. - Se você não consegue proteger algo assim, é porque não foi cuidadoso o bastante. Além disso, se essa pessoa também não foi cuidadosa e levou a pedra para casa, o que mais poderia ter levado?
Em 1998, Gutheinz impediu a tentativa de venda de uma pedra lunar por um homem que a havia adquirido em Honduras.
Sem saber da atuação do advogado a favor da Nasa, o homem tentou vender a amostra para ele por US$ 5 milhões.
No ano passado, a Nasa informou que também estava investigando o caso de uma idosa na Califórnia também pega tentando vender pedras lunares que teria recebido de seu falecido marido.
O novo relatório, no entanto, não discute como tantas amostras dadas para políticos e autoridades acabaram neste mercado negro.
Seu foco principal está nas pedras emprestadas para instituições científicas que sumiram, assim como fragmentos de meteoritos e de poeira espacial.
Seis pedaços de meteoritos enviados ao Carnegie Institution em 2004, por exemplo, teriam sido extraviadas no correio.
A Nasa costuma ser bastante rigorosa com seus equipamentos enviados para o espaço, abrindo processos contra astronautas e ex-funcionários que tentam lucrar com relíquias da conquista espacial.
Recentemente, ela barrou a venda pelo comandante da Apollo 13, James Lovell, de um manual onde ele fez cálculos à mão que ajudaram a salvar a missão.
O documento, que o ex-astronauta guardou durante décadas, foi leiloado no fim de novembro do ano passado por US$ 388 mil, mais de 15 vezes a avaliação inicial de US$ 25 mil.
A Nasa também está questionando o direito de posse de outros três itens vendidos no mesmo leilão.
Dois deles foram levados pelo ex-astronauta Rusty Schweikart, da Apollo 9: uma placa de identificação do módulo lunar que alcançou preço de mais de US$ 13 mil e um manche arrematado por US$ 22.705.
Já o terceiro é uma luva usada por Alan Shepard nos treinamentos da missão Apollo 14, que alcançou mais de US$ 19 mil.
Ainda no ano passado, a agência espacial processou o ex-astronauta Edgar Mitchell, da Apollo 14, pedindo de volta uma câmera que ele trouxe da Lua em 1971.
O advogado de Mitchell alegou que na época a direção da Nasa havia dito aos astronautas que eles podiam ficar com alguns equipamentos de suas missões, que com o tempo acabaram parando nas casas de leilão.
A ação judicial terminou em acordo em outubro, com Mitchell concordando em devolver o equipamento para a Nasa, que por sua vez doou-o para o um museu em Washington.
Fonte: Extra Online
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