Os horrores da era nuclear, em termos de reatores e explosões, já são bem conhecidos por todos nós. Por trás da ameaça bem divulgada de morte em massa, encontra-se uma história secreta de projetos nucleares sendo usadas para destruir pessoas.
No final de 1940, cidadãos americanos foram usados como ‘cobaias’ sem que elas soubessem, na qual o governo teria mandado injetar plutônio nas pessoas.
No início de 1945, Ebb Cade, um trabalhador do Centro Nuclear de Oak Ridge, se envolveu em um grave acidente de carro.
Ele sobreviveu, mas foi obrigado a ficar de repouso com um braço e uma perna quebrada. Quando os médicos o analisaram, verificaram que se tratava de um homem de 53 anos, afro-americano, perfeitamente saudável, que conseguia comer e beber normalmente e não tinha nenhum histórico de doença grave.
No dia 10 de Abril do mesmo ano, os médicos teriam injetado 4,7 microgramas de plutônio em sua veia. Os relatos não informam quem teria dado a ordem e qual o motivo específico para que Ebb Cade fosse escolhido. Neste ponto alguns dados soam como contraditórios.
Embora o Rádio (elemento radioativo) estivesse sendo elogiado na época por empresas inescrupulosas como algo bom, como um tônico para a saúde, muitas pessoas já tinham desenvolvido câncer e os médicos sabiam que a radiação não era nada saudável.
Desde o início do projeto Manhattan, testes foram feitos para ver como o isótopo do Plutônio afetaria os seres vivos. Animais foram alimentados e levaram injeções com o mesmo elemento radioativo, sendo observados posteriormente para constatação de efeitos maléficos.
Nos próximos 5 dias após a injeção, os médicos recolhiam absolutamente qualquer excreção do corpo de Ebb Cade para ver quanto de Plutônio existia em seu corpo.
Outros testes eram mais invasivos. Seus ossos não foram colocados no lugar até o dia 15 de abril, tendo várias amostras retiradas de seu osso para detectar quanto de material radioativo teria aderido ao tecido ósseo. Ebb teve 15 de seus dentes arrancados, com o mesmo objetivo.
Ebb Cade nunca foi informado sobre a razão pela qual estava passando por tantos “exames”. De acordo com um relato, em uma manhã, uma enfermeira abriu a porta para encontrar Ebb, mas ele havia fugido durante a noite.
Ele morreu em 1953, de insuficiência cardíaca. Este homem foi a primeira pessoa na história a ter Plutônio injetado em seu corpo nos Estados Unidos, mas não o último.
As próximas 3 cobaias eram pacientes que sofriam de câncer, que teriam dado entrada em Billings Hospital em Chicago, para começar o tratamento.
Em abril a dezembro, um homem com 60 anos que sofria de câncer de pulmão e uma mulher com câncer de mama e fortes dores por um linfoma de Hodgkin, tiveram Plutônio injetados em seus corpos. Existiu um terceiro paciente, mas os relatórios não falam muito sobre ele.
Em vários documentos oficiais que vazaram, não existem muitos detalhes sobre a experiência feita com ele, nem ao menos sobre quando teria morrido.
Apenas existem registros de que os médicos teriam injetado 95 microgramas de Plutônio, uma dose 15 vezes mais alta do que já havia sido injetada em alguém.
Alguns relatos mostram que a Universidade de Rochester também iniciou experiências com injeções de Plutônio e Urânio.
O diretor do programa, escreveu que quase todos os pacientes apresentavam diagnósticos que significava que eles não eram susceptíveis a viverem mais do que 5 anos.
Embora seja verdade que muitos dos pacientes usados como cobaias tivessem a saúde bastante debilitada, a grande maioria viveu além dos 10 anos após as experiências. Quando as investigações começaram sobre este caso absurdo, em 1974, ainda existiam 3 pacientes vivos.
Pesquisadores da Universidade da Califórnia também participaram desses experimentos. Em maio de 1945, Albert Stevens deu entrada para tratar um câncer de estômago.
Ele recebeu injeções de Plutônio e logo após o início das experiências, os médicos perceberam que não existia câncer algum, apenas uma úlcera.
Quando Stevens pensou em se afastar da universidade por achar que algo estranho estava ocorrendo, a instituição ofereceu uma bolsa para que permanecesse na área, de modo que o laboratório pudesse continuar testar o material radioativo em seu corpo, mas nunca o informaram sobre que tipo de injeção ele tomava.
Em abril de 1946, Simeão Shaw, um menino de apenas 4 anos que sofria de câncer nos ossos, foi a nova cobaia a ser usada.
Seus pais, que lhe haviam trazido da Austrália para o tratamento nos Estados Unidos, foram informados de que a injeção, e posterior remoção de tecido ósseo faziam parte do tratamento contra o câncer.
Quando ele ficou com a saúde ainda mais debilitada, seus pais o levaram novamente a Austrália, onde logo em seguida morreu. Seus pais só souberam que seu filho havia sido vítima de experiências não autorizadas 30 anos depois.
Em dezembro de 1946, o Projeto Manhattan ordenou a suspensão da injeção em seres humanos com materiais radioativos. Neste momento a Comissão de Energia Atômica assumiu o erro.
Em abril de 1947, possivelmente em resposta aos julgamentos de Nuremberg sobre as experiências, os responsáveis pelo projeto assumiram que orientavam os executores a dizerem que as injeções era uma “nova substância” que poderia inibir o crescimento do câncer, mesmo assim os ensaios continuram.
Um homem de 36 anos chamado Elmer Allen recebeu uma injeção em sua perna esquerda, sendo amputada poucos dias depois.
Embora oficialmente as injeções tenham sido proibidas de serem administradas no final de 1947, várias outras foram aplicadas em 1950, incluindo remoção de tecido ósseo, coleta de excrementos e fluidos.
Cobaia bebe uma solução radioativa
Alguns dos 18 pacientes que receberam a injeção radioativa morreram e tiveram seus corpos exumados para realizar novos testes. O relato dado às famílias foi de que as injeções eram misturas de isótopos para fins puramente médicos.
Na verdade, uma investigação séria e concisa só foi realizada por volta do ano de 1970. Os pacientes que ainda estavam vivos foram informados, as famílias dos falecidos foram acionadas e interrogadas.
Apenas um paciente sobreviveu sem saber o que havia acontecido. Os médicos concluíram que ele estava em um estado emocional muito frágil para ser informado sobre o que de fato continha nas injeções.
O último sobrevivente dos experimentos com Plutônio foi justamente o senhor Elmer Allen, o homem cuja perna foi amputada.
Quando os médicos olharam para seu estado na época, julgavam que ele encontrava-se em bom estado de saúde, informando que, aos 36 anos na época, teria no máximo mais 10 anos de vida.
Elmer Allen morreu em 1991, apesar de todo o horror ao qual foi submetido, de forma completamente velada.
O relatório original e completo com 233 páginas pode ser conferido clicando aqui!
Fonte: Jornal Ciência
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