Pesquisa mostra que número de guaxinins, linces e outros animais caiu drasticamente em região onde há superpopulação de cobras.
Uma crescente população de pítons – em sua maioria, criadas como animais de estimação e depois abandonadas quando cresceram demais – aparentemente estão exterminando um grande número de guaxinins, gambás, linces-pardos e outros mamíferos no Parque Nacional dos Everglades, no Estado norte-americano da Flórida.
De acordo com um novo estudo publicado nesta segunda-feira (30) no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences – houve uma queda dramática de testemunhos de mamíferos de médio porte – chegando a 99% em alguns casos – em áreas onde se sabe que existem pítons e outras cobras que caçam por esmagamento.
Os cientistas temem que as cobras possam interromper a cadeia alimentar da região e prejudicar de modo imprevisível o equilíbrio ambiental dos pântanos dos Everglades.
Acredita-se que dezenas de milhares de pítons birmanesas, que são nativas do Sudeste Asiático, vivam nos Everglades – o clima quente e úmido é similar a de seu ecossistema natal.
Apesar de muitas terem sido abandonadas por seus donos, outras escaparam de pet shops durante o furacão Andrew, em 1992, e estão se reproduzindo desde então.
Elas podem crescer até oito metros e pesar mais de 90 quilos, e conseguem sufocar animais grandes, como crocodilos. Esse tipo de serpente mata por esmagamento, ao se enrolar na vítima e sufocá-la.
O Serviço Nacional de Parques dos Estados Unidos contabilizou 1825 pítons caçadas nos arredores dos Everglades desde 2000. A maior pesava 70 quilos e media cinco metros, e foi capturada no início deste mês.
Para o estudo, os pesquisadores dirigiram por 62.7000 quilômetros de estradas no parque, entre 2003 e 2011, contando os animais selvagens vistos nestas incursões, e comparando os números com pesquisas feitas nas mesmas rotas em 1996 e 1997.
O resultado foi um declínio agudo de encontros com animais: queda de 99,3% para os guaxinins, 98,9 para gambás, 94,1% para cervos e 87,5% para os linces.
Em estradas onde se imagina que população de pítons seja menor, o declínio foi menos acentuado, mas ainda digno de nota.
Coelhos e raposas, comuns nos estudos dos anos 90, sumiram completamente nas contagens posteriores. Os pesquisadores notaram aumentos discretos em coiotes, suçuaranas, roedores e outros mamíferos, mas os números foram descartados porque muito poucos foram vistos, em geral.
“A magnitude destes declínios reforça a aparente e inacreditável superpopulação de pítons nas Everglades,” disse Michael Dorcas, professor do Davidson College, na Carolina do Norte, que liderou o estudo.
Embora não se possa afirmar com certeza que a pítons estão matando os mamíferos, elas são as principais suspeitas.
Seu aumento coincide com a diminuição dos outros animais, e o o declínio aumenta de acordo com o tamanho da população de cobras em uma determinada área. Uma doença única parece uma causa improvável, já que a mortandade afeta várias espécies.
Píton se enrola em crocodilo, nas Everglades: cobras matam por esmagamento
Os especialistas dizem que é difícil prever o efeito geral desse fenômeno. Menos linces e raposas, que comem coelhos, podem estar ligados às pítons se alimentando dos coelhos.
Por outro lado, o declínio dos guaxinins, que comem ovos, pode ser bons para tartarugas, crocodilos e pássaros.
No entanto, eles lembram do que aconteceu em Guam, onde uma espécie de cobra matou aves, morcegos e lagartos que polinizavam árvores e flores e dispersavam sementes. Isso levou a mortes de árvores, pássaros e vários vegetais.
Em 2010, o Estado da Flórida proibiu a aquisição privada de pítons birmanesas. No início deste mês, o Secretário de Interior Ken Salazar anunciou uma proibição federal à importação desta e de outras três espécies de serpentes, e comentou à AP: “Este estudo pinta um quadro duro do dano que as pítons estão causando à natureza e economia da Flórida”.
Fonte: IG
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