Escassez de comida há 10 mil anos pode ter favorecido animais de porte menor.
Os seres humanos que viveram durante a última Era do Gelo não tinham vida fácil. Uma das principais ameaças do período, os coiotes (Canis latrans), eram muito maiores do que seus descendentes atuais, segundo pesquisa publicada na edição desta semana da revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
Os pesquisadores do National Evolutionary Synthesis Center (NESCent), nos Estados Unidos, estudaram fósseis de coiote que datavam de 38 mil anos atrás até os dias de hoje.
Por meio da análise, eles perceberam que os animais só teriam chegado ao tamanho atual entre 11.500 e 10.000 anos atrás, no fim do período chamado de Pleistoceno, tempo recente em termos geológicos.
A estimativa é de que os coiotes deste período pesassem entre 15 e 25 quilos, sendo maiores até que lobos (Canis lupus), animais do mesmo gênero que apresentam porte maior que os coiotes nos dias atuais. Hoje os coiotes pesam por volta de 10 a 18 quilos.
Encolhimento — A primeira razão explorada pelos cientistas para tal diminuição de tamanho foi o aquecimento após a Era do Gelo.
Entre 15.000 e 10.000 anos atrás, a temperatura global média subiu cerca de seis graus. Assim, os pesquisadores mediram a relação entre o tamanho do corpo de coiotes de diferentes períodos e a temperatura média da mesma época.
Mas, ao comparar os dados, os cientistas não encontraram uma relação clara entre tamanho e temperatura, o que sugere que a mudança climática não foi o principal fator.
Se fosse, transformações parecidas teriam ocorrido com outros carnívoros da Era Glacial. Os lobos, por exemplo, não sofreram qualquer alteração de tamanho, segundo a pesquisa.
Outra explicação aponta a influência humana. Os coiotes daquela época seriam menores porque os primeiros homens caçadores — que teriam chegado à América do Norte por volta de 13 mil anos atrás — eliminaram seletivamente os coiotes maiores, deixando apenas os pequenos.
Marcas de ferramentas de caça em ossos dos animais da Era do Gelo podem ser um indício de que os caçadores tiveram alguma relação com o fato, mas há poucos exemplos de fósseis para que a ideia seja comprovada.
A terceira razão — na qual os cientistas mais acreditam — seria a escassez de alimentos e a interação com os animais concorrentes do coiote.
Coiote moderno (Canis latrans): bem menor que seus antepassados
Mil anos antes da diminuição súbita no tamanho desses animais, diversas outras espécies foram eliminadas em uma onda de extinções que atingiu muitos dos grandes mamíferos na América do Norte, região típica dos coiotes.
Até aquele momento, os coiotes viveram ao lado de uma diversidade de grandes presas, como cavalos, camelos e lhamas.
Após sobreviverem às extinções, os coiotes se depararam com falta de alimento, pois só sobraram presas de porte menor.
Indivíduos pequenos, que necessitavam de menos comida para sobreviver, tiveram uma vantagem sobre os grandes coiotes.
Depois que esses carnívoros de grande porte foram extintos, os coiotes não tinham mais que competir com grandes animais por comida.
Segundo os cientistas, os resultados da pesquisa são importantes porque mostram que a extinção não só afeta os animais que desaparecem, mas causa efeitos a longo prazo nas espécies que permanecem no ecossistema
Fonte: Veja
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