Químico descobriu que tubarões se irritam com a presença de ímãs
Um químico americano alega ter descoberto substâncias
que podem servir de repelente para tubarões, numa iniciativa que visa
proteger tanto os animais quanto os humanos.
Num píer da ilha de Bimini do Norte, nas Bahamas, Eric Stroud observa a água cor de turquesa. "A maré está voltando. Então qualquer cheiro que
chegue à água irá até o canal, onde os grandes tubarões estão neste
momento", diz ele.
Stroud está montando um experimento. Ele
desembrulha 9 kg de sardinhas congeladas, coloca-as em uma sacola presa
ao píer e joga a sacola na água. A intenção é atrair um tubarão dos
grandes.
"É um animal razoavelmente perigoso e pode ser agressivo se provocado ou encurralado." Se o tubarão aparecer, Stroud jogará uma isca na
água. Mas não é uma isca comum - seu objetivo não é pescar nada, e sim
repelir os tubarões.
Ataques de tubarões
O químico antes trabalhava em uma indústria farmacêutica. Até que, em 2001, foi passar as férias com sua mulher em Bermuda.
"O tempo estava ruim e ficamos presos em um
chalé, escutando notícias sobre ataques de tubarões", relembra. "Parecia
que todos os que tinham se aventurado nas águas da Flórida (EUA)
estavam sendo mordidos por tubarões naquele verão." Foi quando sua mulher sugeriu que ele usasse seus talentos para desenvolver um repelente.
De volta a sua casa, em Nova Jersey, Stroud montou pequenos tanques
em seu porão e encheu-os de tubarões pequenos. Observava seu
comportamento dia após dia, até que em 2004, acidentalmente, derrubou um
pedaço de ímã na água. E percebeu que alguns tubarões se afastaram do
objeto.
"Colocamos mais ímãs na água e vimos que os tubarões ficaram estressados, tentando se afastar", afirma. O cientista então resolveu demonstrar o efeito
repelente dos ímãs na Estação Biológica Bimini, nas Bahamas.
Um dos
assistentes de Stroud segura um pequeno tubarão e coloca-o de ponta
cabeça, em um estado de imobilidade. Em seguida, aproxima um ímã do
tubarão. O animal desperta rapidamente e foge.
Sensores
A explicação é que os tubarões têm sensores,
chamados ampolas de Lorenzini, que se parecem a pequenas sardas.
Biólogos creem que os animais usam os sensores para detectar o batimento
cardíaco de suas presas e para navegar usando o campo magnético da
Terra.
Stroud suspeita que mover ímãs perto dos animais sobrecarrega esses sensores. "Provavelmente é como mirar a luz de uma
lanterna nos olhos de alguém", explica. "É uma cegueira temporária que
te paralisa e não é agradável."
Outros animais marinhos aparentemente não são afetados, por não terem as ampolas de Lorenzini. A partir desse conhecimento ele fundou a
SharkDefense, empresa criada para comercializar repelentes de tubarões. E
descobriu que alguns outros metais têm o mesmo efeito que o ímã.
Terras raras
O efeito foi particularmente eficiente com os minerais de terras raras como samário, neodímio e praseodímio.
O projeto inicial de Stroud era desenvolver repelentes que
protegessem as pessoas nos oceanos - ele e sua equipe estão
desenvolvendo uma cerca magnética submarina que pode ajudar a proteger
mergulhadores.
Mas seu principal foco, agora, é proteger os
próprios tubarões. Muitas espécies são caçadas de maneira predatória e
correm risco de extinção. Um motivo é que muitas vezes os pescadores
estão atrás de outros peixes e acabam capturando tubarões por engano.
Stroud quer um repelente que permita essa pesca, poupando os tubarões. "Percebemos que poderíamos magnetizar o anzol e cobri-lo com um metal terra rara", explica.
Diversos países estão testando a ideia. Até
agora, resultados preliminares indicam que é possível reduzir de 60% a
60% a pesca de tubarões.
Enquanto isso, o cientista segue tentando
aperfeiçoar seu projeto, tentando novas combinações de metais e ímãs e
observando seus efeitos nos predadores marinhos.
Fonte: BBC
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