Faz cerca de 30 anos que os cientistas debatem o que determinou o
destino dos dinossauros. Seria o impacto de um asteroide o único
responsável pela catastrófica extinção em massa no final do período
Cretáceo, há 65 milhões de anos?
Três jovens pesquisadores liderados por Stephen L. Brusatte,
pós-graduando da Universidade de Columbia em Nova York e afiliado ao
Museu Americano de História Natural, decidiram testar essa hipótese com
um exame minucioso dos registros fósseis dos 12 milhões de anos que
antecederam a extinção em massa.
Para o estudo, os investigadores se afastaram da prática de se
concentrar quase exclusivamente na contagem do número de espécies ao
longo do tempo.
Ao invés disso, eles analisaram as mudanças na anatomia e
planos corporais de sete grandes grupos de dinossauros do final do
Cretáceo para terem uma ideia de suas trajetórias evolutivas.
Grupos que mostraram um aumento na variabilidade, por exemplo,
podem ter evoluído para mais espécies, dando-lhes uma vantagem
ecológica. Mas a diminuição da variabilidade pode representar um sinal
de alerta de destruição.
Em ciência, infelizmente, nem todos os projetos atendem às
ambições dos pesquisadores. Os resultados desse projeto foram desiguais
e, de modo geral, inconclusivos, relatou a equipe de Brusatte em um
artigo publicado online na semana passada pelo periódico Nature
Communications.
Na melhor das hipóteses, revelando um aspecto positivo, a
equipe escreveu que os "cálculos pintam um retrato com mais nuances dos
últimos 12 milhões de anos da história dos dinossauros".
Como explicou Brusatte, o Cretáceo "não era um ´mundo
perdido´ estático que foi violentamente interrompido pelo impacto de um
asteroide".
Alguns dinossauros, disse ele, "estavam passando por
mudanças drásticas nessa época, e grandes herbívoros parecem ter vivido
um declínio de longo prazo, pelo menos na América do Norte".
Os resultados mostraram que os hadrossauros, conhecidos por
seus bicos de pato, e os ceratopsídeos, conhecidos por seus chifres,
eram dois grupos de herbívoros volumosos e que se alimentavam em massa
(o que significa que comiam qualquer coisa e todas as coisas) e podem
ter sofrido um declínio de diversidade nesse momento.
Em contraste, pequenos herbívoros como os anquilossauros e
paquicefalossauros, e os carnívoros tiranossauros e celurossauros,
pareciam estar se mantendo estáveis ou até tendo um aumento na
diversidade, assim como os enormes herbívoros saurópodes, como os
apatossauros.
Os resultados não foram uniformes em diferentes continentes.
Enquanto os hadrossauros diminuíram na América do Norte, sua diversidade
parece ter aumentado em partes da Ásia. O registro fóssil em muitas
regiões foi insuficiente para uma análise confiável, o que significa que
o debate sobre a extinção continuará.
Além de Brusatte, os outros autores eram Richard J. Butler, da
Universidade de Munique, Albert Prieto-Marquez, da Coleção de
Paleontologia e Geologia do Estado da Baviera, em Munique, e Mark A.
Norell, paleontólogo do Museu Americano e orientador de Brusatte.
Norell afirmou que o estudo sobre alterações esqueléticas em
grupos de espécies ao longo do tempo foi "um caminho novo" para avaliar
as suas perspectivas de sobrevivência a longo prazo. "Seria bom ter mais
fósseis para ver o quanto esses resultados são reais", disse ele.
Paul C. Sereno, paleontólogo da Universidade de Chicago que
não esteve envolvido no estudo, concordou que tais investigações sobre a
vida no final do Cretáceo haviam sido "limitadas pela ausência de dados
detalhados, que são realmente necessários". Ele questionou se a técnica
de pesquisa, embora útil no estudo de invertebrados mais simples,
poderia ser aplicada com sucesso aos dinossauros.
"É um estudo interessante e eles são pesquisadores de
qualidade", disse Sereno, "mas eu não acho que ele altere o quadro
geral: extinções não são processos simples, mas, em última análise, o
asteroide foi o fator mais importante no final do Cretáceo".
Fonte: Info
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