Dois funcionários do Instituto de Comunicação Social (ICS)
apresentaram queixa ao Tribunal Judicial da Cidade de Inhambane,
província do mesmo nome, na zona sul de Moçambique, depois de terem sido
acusados publicamente pela chefe de recursos humanos daquela
instituição de tentativa de assassinato com recurso à feitiçaria.
As
acusações da chefe dos recursos humanos do ICS, Sara Sahale Bicá,
contra seus colegas, Cassamo Algy Dauto e Alda Alberto, começaram em
Agosto do ano passado, depois de consultar uma curandeira sobre a doença
que a apoquentava.
Na ocasião, a curandeira, de 23 anos de idade,
disse à sua cliente que a enfermidade de que padecia era causada por
dois seus colegas que ambicionavam a todo o custo ao cargo de chefia.
Para atingir os seus intentos, os mesmos teriam usado como recurso a
magia negra. Citada pelo jornal Diário de Moçambique, Sara Sahale Bicá
confirmou em sede de audiência e julgamento ter sido tratada pela
curandeira, que se dirigiu à sua casa para retirar as drogas mágicas que
haviam sido implantadas pelos seus supostos inimigos.
“O primeiro
diagnóstico confirmou o que a curandeira Elisa disse, que estava a ser
vítima do feitiço dos meus colegas. Sempre sonho com eles e acordo
doente”, queixou-se Sara Sahale Bicá.
A curandeira, identificada apenas
como Elisa, confirmou as alegações do seu cliente em juízo, durante a
sessão de julgamento que teve lugar no dia 16 de Abril corrente,
alegando que “conheço a senhora Sara Sahale Bicá e tudo o que disse é
verdade. Cobrei três mil meticais pelo tratamento”.
Elisa
confessou ainda ter recebido da sua paciente duas fotografias para
usá-las como armadilhas para matar com recurso ao poder mágico os seus
dois colegas num ato de retaliação. “Não aceitei o pedido porque só
conheço raízes que curam doenças e não para matar. Quando disse isto ela
ficou irritada comigo”, explicou Elisa.
Fracassada a sua
intenção, a chefe de recursos humanos do ICS abandonou a curandeira e
dirigiu-se à Associação dos Médicos Tradicionais de Moçambique
(AMETRAMO) com o mesmo propósito, ou seja aniquilar os seus supostos
inimigos. Na AMETRAMO apurou-se que a doença da qual padecia era
provocada por um espírito maligno da anterior curandeira, a Elisa, daí
que foi notificada.
A pedido da Sara Sahale Bicá foram notificados
igualmente pela AMETRAMO, os seus colegas Cassamo Algy Dauto e Alda
Alberto, acusados pela sua chefe de protagonistas do feitiço contra si.
Na AMETRAMO, não ficou provado o envolvimento destes na deterioração da
saúde da chefe dos recursos humanos e, tendo sido ilibados, os suspeitos
de feitiçaria decidiram intentar uma ação judicial para repor os danos
morais provocados.
Na sessão de julgamento que, durou cerca de
cinco horas, foram arrolados perto de uma dezena de nomes, entre
funcionários do ICS e membros de direcção dos curandeiros na cidade de
Inhambane.
O Ministério Público, nas suas alegações finais, disse
que os factos indicam que “foi posto em causa a honra e o bom-nome dos
ofendidos” e pediu a justiça merecida nos termos da lei.
Por isso, a
defesa de Cassamo Algy Dauto e Alda Alberto defende que o “comportamento
da ré deve ser sancionado exemplarmente”, tendo exigido uma
indemnização a favor dos seus constituintes no valor de cinquenta mil
meticais.
Fonte: Verdade/Rádio Moçambique
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