Os relatos de contato
com seres extraterrestres são comumente classificados como alucinações.
Mas, segundo pesquisa feita na USP, eles não estão associados a
transtornos mentais. (imagem: Christian Frausto Bernal/ Flickr – CC
BY-SA 2.0)
Pesquisa feita com
voluntários que alegam ter visto ovnis ou alienígenas aponta que esse
tipo de relato não está associado a transtornos mentais.
Análise da
personalidade dessas pessoas indica que elas são mais abertas a novas
sensações e têm maior curiosidade intelectual.
Naves arredondadas ou cilíndricas, luzes que atravessam o céu,
contato com seres humanoides. O que parece um típico cenário de ficção
científica compõe os relatos dos participantes de uma pesquisa que
procura identificar a relação entre transtornos mentais e experiências
com extraterrestres.
O estudo, realizado durante o mestrado do psicólogo Leonardo Martins
no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, avaliou 46
pessoas que dizem ter tido contato com óvnis ou alienígenas e mostrou
que elas não exibem indicadores de doenças psiquiátricas.
Para que o psicólogo chegasse a essa conclusão, os participantes
responderam um extenso questionário capaz de identificar características
de distúrbios como esquizofrenia, ansiedade e transtorno bipolar. As
mesmas perguntas foram aplicadas a 46 pessoas que afirmam nunca ter tido
experiências com seres extraterrestres.
Além de mostrar que os relatos dos voluntários não são fruto de
alucinações causadas por transtornos mentais, o estudo revela que tais
pessoas podem se tornar psicologicamente mais saudáveis após supostas
experiências de abdução ou contato com ovnis.
Segundo Martins, esse tipo de experiência pode levar o protagonista a
atribuir um sentido maior à própria existência e a alimentar crenças
que o ajudam a enfrentar as dificuldades cotidianas, o que pode torná-lo
menos suscetível a transtornos psiquiátricos.
Mas o pesquisador
ressalta: “Ainda assim, o evento também pode ser traumático. A reação de
cada um depende de uma série de variáveis”.
Em busca do novo
Outro questionário aplicado pelo psicólogo avaliou características da
personalidade de todos os participantes do estudo, como a busca por
sensações, a tendência a pensamentos fantasiosos e a abertura a novas
experiências.
Os resultados mostram que aqueles que relatam terem tido contato com
extraterrestres são mais abertos a novas sensações, mas não têm
tendência a pensar de maneira fantasiosa. Tais pessoas também têm maior
curiosidade intelectual, além de gosto por desafios mentais e temas
filosóficos.
Desenho feito por um dos participantes da pesquisa para descrever seus
relatos de contato com seres extraterrestres. Segundo o voluntário, o
alienígena tinha a pele grossa e vermelha e apenas um olho no meio da
testa.
Associar relatos de contatos com alienígenas à ocorrência de
transtornos mentais é bastante comum na sociedade.
Durante a pesquisa,
um voluntário falou sobre a reação negativa das pessoas quando ouviam
sobre sua experiência: “A primeira coisa que você sente quando o mundo
inteiro bate de frente com você é que você é louco. Diante das
experiências que vivenciei, se tivessem me perguntado se eu queria, eu
não teria querido, porque eu queria ser uma pessoa comum, normal”.
Martins revela que a maioria dos participantes, apesar de ter sua
sanidade questionada, não buscou ajuda de profissionais da saúde. “Eles
não tiveram motivos para procurar ajuda, pois levam uma vida normal.”
O psicólogo ressalta que a pesquisa não busca comprovar a existência
de vida fora da Terra, mas entender a organização psicológica de pessoas
que alegam contatos com supostos seres de outros planetas. “Mesmo que
visitas de alienígenas sejam, a princípio, possíveis, ainda é preciso
considerar a possibilidade de que as experiências possuam explicações
terrenas.”
Fonte: Ciência Hoje
Nenhum comentário:
Postar um comentário