Reguengos de
Monsaraz (Évora)
Foi no Complexo Arqueológico dos Perdigões, da empresa vinícola do Esporão.
Perto de 20 estatuetas em marfim, com cerca de 4.500 anos e
eventualmente relacionadas com rituais ligados à morte, foram
descobertas no Complexo Arqueológico dos
Perdigões, da empresa vinícola Esporão S.A., perto de Reguengos de
Monsaraz (Évora).
Durante as escavações, «tem aparecido muito marfim e, entre os vários objetos, estão estas estatuetas», datadas de «meados do 3.º milênio antes de Cristo», que «terão à volta de 4.500 anos», revelou esta quarta-feira, à agência Lusa Antônio Valera, da empresa ERA Arqueologia.
De acordo com o arqueólogo, trata-se da «primeira vez que este tipo de peças e com estas caraterísticas aparece em Portugal», havendo objetos idênticos «já conhecidos noutros sítios do gênero no sul da Península Ibérica».
O responsável da empresa que procede a escavações e campanhas arqueológicas no Complexo dos Perdigões desde 1997 adiantou que as descobertas foram feitas num local, «praticamente no centro do complexo», onde tinham sido «depositados restos de cremações humanas».
«Já identificamos um número mínimo na ordem dos 80 indivíduos e, associado a essas deposições humanas, aparece um conjunto de materiais», como estas «estatuetas em marfim, alguns ídolos em calcário e outros objetos associados a essas cremações», indicou.
Uma das estatuetas encontradas
De entre as estatuetas, «oito ou nove» destacam-se dos outros objetos por revelarem uma «grande padronização», o que significa que «as figuras representam algo normatizado», já que «aquilo que está representado e como está representado é sempre o mesmo».
«Não podemos ter a certeza do que é, mas há aqui algo que é representado por estas figuras e que estava muito padronizado, ao ponto de serem praticamente idênticas», assim como «a matéria-prima com que são feitas é a mesma», realçou o arqueólogo.
Antônio Valera referiu que «tradicionalmente, estas figuras são tratadas como espécies de ídolos ou representações de uma personagem divina», mas admitiu que as peças poderão ter outro significado.
O arqueólogo revelou que algumas das estatuetas encontradas, que representam um «corpo humano muito realista», têm «uma espécie de bastão» que aparece nas mãos da figura e que existem outras «idênticas» que não têm bastão.
O Complexo Arqueológico dos Perdigões, em 16 hectares de uma herdade da empresa vinícola Esporão S. A., começou a ser escavado em 1997, depois da descoberta de vestígios arqueológicos ter parado a instalação de vinha.
O conjunto pré-histórico, ocupado durante «cerca de 1.500 anos», desde o final do Neolítico e até final do Calcolítico, é reserva arqueológica e, anualmente, acolhe campanhas de escavações arqueológicas.
Fonte: TVI 24
Nenhum comentário:
Postar um comentário