Antropólogos contestaram teorias segundo as quais o 'Homo sapiens' e os
neandertais se miscigenaram, transmitido aos humanos atuais parte do
legado genético de seus primos misteriosos.
Ao longo dos últimos dois anos, vários estudos sugeriram um cruzamento
entre o Homo sapiens e os neandertais, um hominídeo enigmático que viveu
em regiões de Europa, Ásia Central e Oriente Médio por até 300.000
anos, mas desapareceu de 30 a 40 mil anos atrás.
As evidências provêm de fósseis de DNA, que demonstram que eurasiáticos
e asiáticos médios partilham entre 2% e 4% de seu DNA com os
neandertais, mas os africanos, quase nenhum.
Mas um novo estudo feito por cientistas da Universidade de Cambridge,
na Grã-Bretanha, diz que o DNA veio de um ancestral comum e não através
de "hibridização" ou reprodução entre duas espécies de hominídeos.
Em publicação, na segunda-feira (13), no periódico americano Proceedings of the National Academy of Sciences
(PNAS), Andrea Manica e Anders Eriksson, do Grupo de Ecologia Evolutiva
da universidade britânica, desenvolveram um modelo de computador para
simular a odisseia genética.
Ele começa com um ancestral comum dos neandertais e do 'Homo sapiens'
que viveu cerca de meio milhão de anos atrás em regiões de África e
Europa.
Por volta de 300.000 a 350.000 anos atrás, a população europeia e a população africana deste hominídeo se separaram.
Vivendo em isolamento genético, o ramo europeu evoluiu pouco a pouco
até dar origem aos neandertais, enquanto o ramo africano acabou dando
origem ao Homo sapiens, que se disseminou em ondas migratórias que
deixaram a África cerca de 60.000 a 70.000 anos atrás.
Segundo a teoria, comunidades de Homo sapiens que estavam geneticamente
mais próximas da Europa, possivelmente no Norte da África, preservaram
uma parte relativamente maior de genes ancestrais.
Eles também se tornaram os primeiros colonizadores da Eurásia durante a progressiva migração "Fora da África".
Isto poderia explicar porque os europeus e asiáticos modernos têm uma
semelhança genética com os neandertais, mas os africanos, não.
"Nosso trabalho demonstra claramente que os padrões atualmente vistos
no genoma do neandertal não são excepcionais e estão alinhados com
nossas expectativas do que veríamos sem a hibridização", afirmou Manica
em um comunicado.
"Assim, se qualquer hibridização ocorreu, é difícil provar
conclusivamente que tenha ocorrido, deve ter sido mínima e muito menor
do que as pessoas alegam agora", acrescentou. O que aconteceu com os neandertais é uma das grandes questões da antropologia.
A hibridização poderia responder a ela, ao menos parcialmente. Ao se
miscigenarem com os humanos, os neandertais não teriam sido extintos
pelo Homo sapiens ou pelas mudanças climáticas, como alguns argumentam.
Ao contrário, os genes dos neandertais teriam se misturados no genoma da
cepa dominante do 'Homo'.
Em um estudo separado publicado na PNAS, cientistas chefiados por
Svante Paabo do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva em
Leipzig, Alemanha, descobriram que os neandertais e os Homo sapiens se
separaram entre 400.000 e 800.000 anos atrás, mais cedo do que se
imaginava.
A equipe também calculou que os humanos se separaram dos chimpanzés,
nosso parente primata mais próximo, entre sete e oito milhões de anos,
antes dos seis a sete milhões de anos atrás, segundo as estimativas mais
comuns.
Fonte: UOL
Nenhum comentário:
Postar um comentário