Uma investigação conduzida pelo Dr. Ran Barkai do Departamento de Arqueologia e Civilizações Antigas do Próximo Oriente, da Universidade de Tel Aviv, lançou uma nova luz sobre esta fase da evolução humana. [Fotografias: Universidade de Tel Aviv ]
Uma investigação conduzida pelo Dr. Ran Barkai do Departamento de Arqueologia e Civilizações Antigas do Próximo Oriente, da Universidade de Tel Aviv, lançou uma nova luz sobre esta fase da evolução humana. demonstrando uma conexão direta entre o desenvolvimento de uma sociedade agrícola e o desenvolvimento de ferramentas para trabalhar a madeira.
"O corte de árvores intensivo para obtenção de madeira foi um fenômeno que só apareceu com o início das grandes mudanças na vida humana, incluindo a transição para a agricultura e para o sedentarismo", diz o Dr. Barkai, cuja pesquisa foi publicada na revista PLoS One.
Antes do Neolítico não há nenhuma evidência de ferramentas suficientemente potentes para cortar e esculpir a madeira, muito menos para fazer derrubar árvores de grande porte.
Mas existem atualmente evidências arqueológicas que sugerem que é precisamente durante o período Neolítico que se processou uma grande evolução da carpintaria, que se tornou cada vez mais sofisticada à medida que simultaneamente também se assistia a um processo de desenvolvimento e consolidação da agricultura e de um modo de vida sedentário.
O uso das ferramentas funcionais que foram utilizadas para transformar florestas ao longo do período Neolítico ainda não tinha sido suficientemente estudada com detalhe.
Mas através do trabalho desenvolvido por Barkai e pelos seus colegas investigadores, o professor Rick Yerkes, da Ohio State University e o Dr. Hamudi Khalaily, no sítio arqueológico de Motza, foram exumadas provas de que a crescente sofisticação das ferramentas de carpintaria têm uma correspondência direta com a crescente implantação da agricultura e com o aumento e proliferação de aldeias permanentes.
No artigo publicado na PLoS One os investigadores dividem o Neolítico em duas fases distintas - a pré-cerâmica (PPNA) e a cerâmica ou Olaria B (PPNB).
A Agricultura, as plantas e os animais domesticados aparecem apenas em PPNB, sendo estas mudanças rastreadas a partir das ferramentas utilizadas na altura para trabalhar a madeira que pertencem a cada um destes períodos, diz o Dr. Barkai.
Dentro PPNA os seres humanos permaneceram colectores e pela primeira vez começaram a viver em assentamentos mais permanentes, afirma Barkai.
As ferramentas associadas a este período são pequenas e delicadas, que podem ser utilizadas em pequenas obras de carpintaria, mas não são adequadas para o abate de árvores ou outras tarefas de carpintaria com maior envergadura. Em PPNB , as ferramentas tornaram-se muito maiores e mais pesadas e polidas.
A análise dessas ferramentas mostra que elas foram usadas para cortar árvores e para executar projetos de construção diversos.
"Podemos documentar passo a passo a transição da ausência de ferramentas para trabalhar madeira, para uma fase onde existem elaboradas ferramentas para trabalhar a madeira", diz o Dr. Barkai, e esta documentação material demonstra a "transição real do estilo de vida de caçadores-coletores para a agricultura."
A transição para uma sociedade agrícola levou ao desenvolvimento de ferramentas de carpintaria de grandes dimensões e estas transformações tecnológicas levaram a uma revolução no estilo de vida, ou vice-versa, sendo esta a ideia que exposta pelo Dr. Barkai com o “Argumento circular”.
Além da mudança de um caçador-coletor para uma economia agrícola, uma nova forma de arquitetura também surgiu. Não só as pessoas começam a viver em aldeias permanentes, como as casas em que viviam adoptaram formas diferentes.
As estruturas redondas e ovais de domicílios anteriores foram substituídas por estruturas retangulares em PPNB, explica o Dr. Barkai. "Esta evidência indica, por exemplo, que no caso desta transformação arquitetônica passaram a ser necessárias cerca de 10 vigas de madeira. Antes disso, não havia casas com vigas de madeira."
Por outro lado, os seres humanos começaram a produzir pisos de pedra calcária com base de gesso para as suas casas - o que também representou um crescente uso da madeira, uma vez que o gesso é fabricado a partir do aquecimento do calcário.
Estes desenvolvimentos arquitetônicos, as cercas para animais domésticos, juntamente com novas técnicas de construção que lhe estão associadas, exigiu um grande derrube de árvores, e por consequência a primeira acção de desflorestação praticada pelo homem.
Fonte: Jornal de Arqueologia
Nenhum comentário:
Postar um comentário