Conceito de uma espaçonave retornando à Terra usando um escudo de
proteção contra o calor da reentrada fabricado em outro
planeta.[Imagem: NASA]
Os primeiros protótipos, quando submetidos a uma temperatura de de 2.200 ºC, mantiveram o lado protegido a 93 ºC. [Imagem: NASA]
Escudo de regolito
A NASA está estudando a possibilidade de usar solos extraterrestres
para construir escudos de reentrada para que os astronautas possam
voltar para casa.
Ao adentrar à atmosfera terrestre, as naves ficam sujeitas a
temperaturas extremamente elevadas, devido ao atrito com o ar. Para que
elas não sejam destruídas como meteoros, essas naves precisam de escudos
para protegê-las do calor.
O problema é que esses escudos são pesados, e devem subir junto com a
nave, fazer toda a viagem de ida e de volta, o que significa um grande
consumo de combustível.
Para Michael Hogue, do Centro Espacial Kennedy, uma saída muito
melhor é ir ao espaço sem um escudo de reentrada, o que permitirá usar
foguetes menores e consumir menos combustível, ou usar os mesmos
foguetes e levar mais carga útil.
Chegando ao destino, os astronautas acionariam uma fábrica
automatizada que pegaria o regolito - o solo extraterrestre - e
fabricaria um escudo de calor para a viagem de volta.
Regolito é uma camada de material solto e heterogêneo, cobrindo a
parte rochosa de um corpo celeste, o que inclui solo, poeira, pedras
quebradas e outros materiais correlatos. Embora o termo seja comumente
usado em referência ao solo lunar, o regolito está presente também na
Terra, em asteroides e em planetas e luas rochosos.
Escala de disponibilidade tecnológica
A ideia está longe de se tornar realidade: a NASA colocou-a no nível 1
da sua "escala de disponibilidade tecnológica", que vai até 9.
Mas os primeiros experimentos foram promissores: os protótipos,
quando submetidos a uma temperatura de de 2.200 ºC, mantiveram o lado
protegido a 93 ºC.
Agora os pesquisadores se preparam para submetê-los a um arco de
plasma que simula as condições reais da reentrada na atmosfera
terrestre.
É claro que os protótipos, medindo 5 centímetros de espessura por 10
centímetros de diâmetro, não foram feitos de regolito extraterrestre,
mas de misturas terrestres que imitam a composição e a textura da fina
poeira lunar.
Para que a ideia chegue ao nível 9, que indica uma tecnologia pronta
para uso, será necessário esperar uma missão que vá até o espaço coletar
regolito suficiente para fabricar um protótipo em condições realistas.
Além disso, como exigirá o transporte de uma fábrica até a Lua, ou
outro corpo celeste onde serão fabricados os escudos, a proposta só
faria sentido em um cenário de viagens contínuas e periódicas, já que a
fábrica certamente pesará mais do que poucos escudos que pudessem ser
usados em missões esporádicas.
Aproveitamento de solos extraterrestres
Embora aproveitar solos extraterrestres para fabricar escudos de
reentrada na Terra seja uma novidade, o aproveitamento desses solos para
outras finalidades é uma ideia antiga - por exemplo, para a construção
de habitações ou como escudo de proteção contra a radiação cósmica.
Em 2005, pesquisadores demonstraram que o concreto fabricado na Lua será 45% mais resistente que o concreto terrestre, e seu processo de fabricação não usará água.
Fonte: IT
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