Solo transparente, que ajudará no estudo das raízes, demorou cerca de dois anos para ser desenvolvido
Pesquisadores da Austrália desenvolveram um solo transparente que
possibilita o estudo das raízes das plantas ainda debaixo da terra.
A
equipe formada por profissionais do Instituto James Hutton e da
Universidade de Abertay Dundee levou cerca de dois anos para produzir um
material capaz de recriar a química do solo e permitir o crescimento
natural de qualquer tipo de vegetação.
Eles criaram um composto químico a partir do Nafion – sintético
desenvolvido pela Dupont no fim da década de 1960 e que é usado,
atualmente, em células de geração de energia e combustível – para usá-lo
como “ingrediente” principal do novo tipo de solo.
Segundo o biologista Lionel Dupuy, que lidera o grupo, o material é um
substrato com características muito semelhantes às da terra de verdade,
como retenção de água, capacidade de reter nutrientes e de manter o
crescimento e o fortalecimento da planta. O solo só fica translúcido, no
entanto, quando é saturado por uma solução especial à base de água.
“Com esta nova técnica, os cientistas agora têm uma maneira de observar
processos do solo ao vivo. Isso é emocionante, porque há tantas coisas
para descobrir no solo e não sabemos ainda o que são”, diz o biologista.
De acordo com Dupuy, a nova técnica é um marco importante do estudo da
rizosfera, local subterrâneo onde as raízes entram em contato com o
terra, pois o solo transparente vai permitir que a “agricultura possa
depender menos dos fertilizantes”, além de ajudar nos desafios que
existem nas áreas de segurança alimentar e mudanças climáticas.
“Há diferentes disciplinas científicas que poderiam se beneficiar desta
pesquisa. Solos transparentes podem ser usados para estudar a
proliferação e a transmissão de patógenos de solo (...) e para entender
como as plantas ou micróbios acessam os nutrientes que são distribuídos
no solo.”
O biologista disse que, por enquanto, a técnica tem um custo muito
elevado, o que dificulta que o solo transparente seja produzido em uma
escala maior para ser usado por qualquer pessoa, e não só
pesquisadores.
Fonte: UOL
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