Nos últimos dez anos, mais espécies marinhas foram descobertas pela
ciência do que em qualquer outra década da história.
Apesar disso,
cientistas estimam que até dois terços das espécies que habitam os
oceanos ainda sejam completamente desconhecidas, afirma estudo
recém-publicado na revista científica "Current Biology".
A publicação americana divulgou em seu site o lançamento de um
censo da vida marinha, criado a partir da colaboração de diversos
cientistas ao redor do mundo.
O Worms (Registro Mundial de Espécies Marinhas) foi criado a partir do
trabalho de 270 estudiosos de 146 instituições, provenientes de 32
países.
O catálogo pode ser acessado gratuitamente através do site http://www.marinespecies.org, e é constantemente atualizado a partir da descoberta de novas espécies.
Mark Costello, pesquisador da Universidade de Auckland (Nova Zelândia)
que ajudou na construção do projeto, afirmou que o trabalho de coleta de
dados "não foi tão fácil quanto deveria".
"Um problema encontrado pelos pesquisadores foi a ocorrência de
diferentes nomes e descrições para as mesmas espécies, os chamados
sinônimos", afirmou Costello.
As baleias e golfinhos, por exemplo,
apresentam em média 14 diferentes nomes científicos para cada espécie,
em geral dadas por pesquisadores diferentes que estão trabalhando com o
mesmo bicho sem saber. Quando esse problema é percebido, fica valendo o
nome que foi publicado primeiro.
A partir da exclusão dos sinônimos, cerca de 40 mil espécies foram
retiradas da base de dados que forma o Worms, apesar de seus nomes
científicos continuarem disponíveis para a consulta no site.
"Pela primeira vez podemos fornecer um olhar detalhado sobre a riqueza
de espécies marinhas. Nunca soubemos tanto sobre a vida nos oceanos",
afirmou Ward Appeltans, colaborador do projeto e membro da Comissão
Intergovernamental de Oceanografia, órgão ligado à Unesco.
A partir do levantamento das quase 215 mil espécies já catalogadas pelo
Worms, pesquisadores estimam que o número total de espécies que habitam
os oceanos possa chegar a até 1 milhão. Até a publicação desse estudo,
estimativas costumavam apontar para números muito maiores.
A pesquisa fornece um ponto de referência para esforços de conservação e
estimativas de taxas de extinção, afirmam os pesquisadores. Eles
esperam que a grande maioria das espécies desconhecidas --
principalmente pequenos crustáceos, moluscos, vermes e esponjas --- seja
achada ainda neste século.
"Apesar de menos espécies viverem nos oceanos do que na terra, a vida
marinha apresenta linhagens evolutivas muito mais antigas, fundamentais
para a nossa compreensão da vida no planeta", disse Appeltans. "Em certo
sentido, o Worms é só o começo."
Appeltans ainda ressaltou a importância do trabalho colaborativo dos
cientistas na construção do projeto. "Esse banco de dados nos fornece um
exemplo de como outros biólogos também podem colaborar para produzir um
inventário coletivo de toda a vida na Terra", diz Appeltans.
Fonte: Folha de São Paulo
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