Para Orlando Casares, arqueólogo do Instituto Nacional de
Antropologia e História do México (INAH), o "fim do mundo" é resultado
de um erro histórico de interpretação.
Casares que foi curador de uma
mostra que tentava mostrar o erro, diz em entrevista de 2011 que os
maias não tinham uma concepção de fim do mundo, mas sim de ciclos.
Casares explica o complicado funcionamento do calendário maia - que
contava, inclusive, dois anos. Para o especialista, o problema não esta
na arqueologia, mas em erros, "propositais ou não", de interpretação de
objetos achados.
O prognóstico maia do fim do mundo foi um erro histórico de
interpretação, segundo revela o conteúdo da exposição. O arqueólogo
explicou que a base da medição do tempo desta antiga cultura era a
observação dos astros.
Eles se baseavam, por exemplo, nos movimentos cíclicos do sol, da lua e
de Vênus, e assim mediam suas eras, que tinham um princípio e um final.
"Para os maias não existia a concepção do fim do mundo, por sua visão
cíclica", explicou Casares, que esclareceu: "A era conta com 5.125 dias,
quando esta acaba, começa outra nova, o que não significa que irão
acontecer catástrofes; só os fatos cotidianos, que podem ser bons ou
maus, voltam a se repetir".
Para não deixar dúvidas, a exposição do Museu do Ouro explica o
elaborado sistema de medição temporal desta civilização. "Um ano dos
maias se dividia em duas partes: um calendário chamado ''Haab'' que
falava das atividades cotidianas, agricultura, práticas cerimoniais e
domésticas, de 365 dias; e outro menor, o ''Tzolkin'', de 260 dias, que
regia a vida ritualística", acrescentou Casares.
A mistura de ambos os calendários permitia que os cidadãos se
organizassem. Desta forma, por exemplo, o agricultor podia semear, mas
sabia que tinha que preparar outras festividades de suas deidades, ou
seja, "não podiam separar o religioso do cotidiano".
Ambos os calendários formavam a Roda Calendárica, cujo ciclo era de 52
anos, ou seja, o tempo que os dois demoravam a coincidir no mesmo dia.
Para calcular períodos maiores utilizavam a Conta Longa, dividida em
várias unidades de tempo, das quais a mais importante é o "baktun"
(período de 144 mil dias); na maioria das cidades 13 "baktunes"
constituíam uma era e, segundo seus cálculos, em 22 de dezembro de 2012
termina a presente.
Com esta explicação querem demonstrar que o rebuliço espalhado pelo
mundo sobre a previsão dos maias não está baseado em descobertas
arqueológicas, mas em erros, "propositais ou não", de interpretação dos
objetos achados desta civilização.
De fato, uma das peças-chave da mostra é o hieróglifo 6 de Tortuguero,
que faz referência ao fim da quinta era, a atual, neste dezembro, a qual
se refere à vinda de Bolon Yocte (deidade maia), mas a imagem está
deteriorada e não se sabe com que intenção.
A mostra exibida em Bogotá apresenta 96 peças vindas do Museu Regional
Palácio Cantão de Mérida (México), onde se pode ver, além de
calendários, vestimentas cerimoniais, animais do zodíaco e explicações
sobre a escritura.
Para a diretora do Museu do Ouro de Bogotá, Maria Alicia Uribe, a
exibição desta mostra sobre a civilização maia serve para comparar e
aprender sobre a vida pré-colombiana no continente.
"Interessa-nos de
alguma maneira comparar nosso passado com o de outras regiões do mundo",
ressaltou Maria sobre esta importante coleção de arte e documentário.
Fonte: Terra
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