O arqueólogo Juliano Meneghello, 33, ao lado de restos de palafitas
descobertos durante escavações no largo da Batata, em Pinheiros, na zona
sul de São Paulo
A história da formação e da ocupação urbana de Pinheiros e da zona oeste
de São Paulo está ganhando contornos inéditos com as escavações
arqueológicas no largo da Batata, hoje em sua segunda fase.
Foram descobertos 30 mil objetos do século 19 e até estacas de
palafitas, pois a área era altamente alagável no passado. Elas foram
achadas neste ano, e surpreenderam os pesquisadores.
Desde 2007, a região do largo da Batata passa por obras de
requalificação --que fazem parte da Operação Urbana Faria Lima, criada
em 1995, para transformar a área em polo de escritórios.
O Sítio Arqueológico Pinheiros 1 começou a ser explorado após ordem do
Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), em 2009,
após os primeiros objetos serem localizados.
As estruturas descobertas agora aparecem em um terceiro nível de
escavação. O primeiro é de casas da década de 1960, quando o bairro
sofreu uma explosão urbana.
"As escavações revelaram estacas de madeiras, as palafitas, que, talvez,
visualmente não digam muito para as pessoas, mas trazem enorme
contribuição histórica, diz o arqueólogo Juliano Meneghello, coordenador
do trabalho.
TABERNA
Na primeira fase dos trabalhos, em 2010, a equipe liderada pelo
arqueólogo Plácido Cali conseguiu mapear objetos como xícaras, canecas,
sopeiras e outras louças, além de garrafas e potes de cerâmica do século
19, vindos principalmente da Inglaterra.
A análise dos objetos ajuda a entender melhor, de acordo com
pesquisadores, como Pinheiros foi habitado e sua importância já nas
décadas finais do século 19. Um relatório para o Iphan aponta, por
exemplo, que foi achada uma espécie de taberna.
"Com o material que coletamos, é possível mostrar que ali houve um ponto
estratégico para pessoas que saíam do centro da cidade e rumavam para
Sorocaba ou para o sul do Estado", afirma Cali.
A segunda fase, tocada pela empresa A Lasca Arqueologia, começou em maio
deste ano, após 17 meses sem escavações por causa de entraves
burocráticos.
De lá para cá, outros 50 mil resquícios de objetos foram colhidos --mas, em sua maioria, do começo do século 20. Os trabalhos arqueológicos devem se estender até o meio do ano que vem, pelo menos.
Também foram descobertos trilhos e dormentes de bonde --que circulava
pela rua Teodoro Sampaio. Cerca de 80 metros deles vão ficar expostos em
uma praça que ainda está sendo construída.
Fonte: Folha de São Paulo
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